247 – Presidido por Juliano Medeiros, o PSOL divulgou nota repudiando a iniciativa dos governos americano e brasileiro de colocarem em prática a chamada ajuda humanitária. “A ameaça de intervenção militar deixa evidente que o que está em curso não é uma operação em ‘defesa da democracia’ ou uma ação militar ‘humanitária’, tal como quer nos fazer crer o governo dos EUA e o ‘Grupo de Lima'”, disse o partido.
“Sem dúvida, uma intervenção vitoriosa na Venezuela abrirá caminho para novos retrocessos em toda a América Latina, subordinando direta e definitivamente nosso continente aos interesses dos EUA. Ao mesmo tempo, significará o fortalecimento de governos reacionários a autoritários afeitos a atacar os movimentos sociais e os setores mais explorados e oprimidos da sociedade”, afirmou.
Leia a íntegra da nota:
A autoproclamação do direitista Juan Guaidó como presidente da Venezuela, num golpe liderado por Trump, para abrir caminho a uma intervenção direta no país vizinho, colocou a América Latina como centro de tensão da situação global. Ao operar diretamente essa política, o imperialismo ianque mais uma vez age fortemente em “seu quintal”. Essa mudança na política dos EUA foi possível devido ao sucesso de Bolsonaro no Brasil e Duque na Colômbia. Sem esses suportes fundamentais, a situação seria diferente.
Depois de inúmeras tentativas fracassadas de intervenções do imperialismo na Venezuela no ano passado, o governo Trump articula e fortalece um boicote econômico criminoso que apenas penaliza ainda mais o povo venezuelano que vive uma crise econômica, política e social já alguns anos. O crescimento do movimento de migração, as violentas manifestações de rua (“guarimbas”) como as que ocorreram em 2016-2017 e a eleição dos governos de extrema direita na América do Sul colocaram os EUA numa nova ofensiva contra o país.
A posse de Nicolás Maduro, no dia 10 de Janeiro de 2019, logo dias depois da posse de Bolsonaro fortaleceu o plano estadunidense de apoio aos grupos da direita venezuelana, como a Mesa de Unidade Democrática (MUD), a não reconhecer o presidente eleito. Neste contexto o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, no dia 23 de janeiro, Juan Guaidó (Vontade Popular), se autoproclamou presidente da Venezuela, sendo reconhecido imediatamente pelos governos de Donald Trump (EUA), Iván Duque (Colômbia) e Jair Bolsonaro (Brasil), bem como pelos governos de Paraguai, Peru, Canadá, Equador, Chile e Argentina.
A ameaça de intervenção militar deixa evidente que o que está em curso não é uma operação em “defesa da democracia” ou uma ação militar “humanitária”, tal como quer nos fazer crer o governo dos EUA e o “Grupo de Lima”. A “defesa da democracia” é contraditória com a imposição de um presidente não eleito e o chamado à “rebelião militar”, da mesma forma que as sanções econômicas impostas à Venezuela são contraditórias com a “ajuda humanitária”. Como um fantoche do governo dos Estados Unidos, tropas colombianas e brasileiras vão para as fronteiras com a Venezuela neste sábado, 23 de fevereiro, levar suposta “ajuda humanitária”, porém, com um nítido objetivo de provocar um conflito. O que realmente está em curso é a tentativa de uma intervenção militar externa combinada com uma ação golpista desde dentro, visando retomar o controle do país.
O verdadeiro interesse dos EUA em consonância a oposição de direita é se apropriar das riquezas da Venezuela e restaurar o neoliberalismo no país, impondo uma dura derrota, sangrenta se necessária, à luta do povo venezuelano que insiste em decidir seu próprio destino. Nunca é demais recordar que a Venezuela detém as maiores jazidas petrolíferas do planeta, superando inclusive a Arábia Saudita. Enquanto Arábia Saudita detém reservas com a cifra de 267 bilhões de barris de petróleo e uma participação mundial de 15,7%, a Venezuela já conta com 298,3 bilhões de barris, com uma participação mundial de 17,5%. Sem dúvida, uma intervenção vitoriosa na Venezuela abrirá caminho para novos retrocessos em toda a América Latina, subordinando direta e definitivamente nosso continente aos interesses dos EUA. Ao mesmo tempo, significará o fortalecimento de governos reacionários a autoritários afeitos a atacar os movimentos sociais e os setores mais explorados e oprimidos da sociedade.
Frente a isso, o PSOL vem publicamente se opor a qualquer ingerência externa nos assuntos da Venezuela. Somos absolutamente contrários à interferência do governo Bolsonaro nos assuntos venezuelanos e qualquer agressão política ou militar contra a soberania da Venezuela. Ao mesmo tempo, repudiamos as sanções econômicas impostas pelos EUA e seus sócios ao país, bem como uma possível intervenção militar externa ou mesmo um golpe militar. Frente a gravíssima situação da Venezuela é urgente que os povos latino-americanos nos unamos em solidariedade ao povo venezuelano e exijamos que os governos da região rejeitem qualquer acordo com Donald Trump, seja apoiando a farsa da campanha de “ajuda humanitária”, a retórica de “defesa da democracia”, ou qualquer cessão de territórios, bases ou operações militares que signifiquem medidas de guerra contra a Venezuela. Rejeitamos qualquer saída ou superação da crise que signifique uma ameaça à paz ou fora dos marcos democráticos e constitucionais da Venezuela e apoiamos o povo venezuelano que luta e resiste ao golpe imperialista.
Neste sentido repudiamos de maneira contundente as provocações do governo brasileiro nas fronteiras da Venezuela, inclusive incitando conflito e violência, simplesmente sendo transmissor automático do imperialismo de Trump. Por fim, conclamamos todas as organizações de esquerda e movimentos sociais a formarem comitês em defesa da soberania da Venezuela e de solidariedade ao povo de Simon Bolívar, o “Libertador”.
#TrumpHandsOffVenezuela
#HandsOffVenezuela
#TrumpManosFueraDeVenezuela
#TrumpForaDaVenezuela
Executiva Nacional do PSOL