A cepa de coronavírus encontrada em porcos na China tem potencial para infectar os humanos, de acordo com um estudo feito por pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, divulgado na última segunda-feira (12).
Causador da doença denominada síndrome da diarreia aguda em suínos (SADS-CoV), esse tipo de coronavírus foi visto pela primeira vez em 2016. Conforme a pesquisa publicada na revista científica PNAS, ele surgiu em morcegos e, posteriormente, contaminou porcos no território chinês e em outros países.
Durante o estudo, os cientistas constataram, após testes em laboratório, que essa cepa específica é capaz de se reproduzir de maneira eficiente em células do fígado e do intestino humanos. As vias aéreas também podem ser infectadas por esse patógeno.
“Os dados demonstram que o SADS-CoV tem uma ampla gama de hospedeiros e potencial inerente para se disseminar entre os hospedeiros animais e humanos, talvez usando os suínos como espécie intermediária”, relata a pesquisa. Ainda segundo os cientistas, surtos da doença teriam o poder de impactar negativamente a economia global, além de representar uma séria ameaça à saúde pública.
Sintomas diferem da covid-19
Embora pertença à mesma família que o betacoronavírus Sars-CoV-2, responsável pela pandemia de 2020, o SADS-CoV é um alfacoronavírus causador de doenças grastrointestinais nos porcos, em vez de atingir o sistema respiratório, como no caso da covid-19.
O vírus causa diarreia e vômitos fortes e constantes, mas isso não o torna menos perigoso que o novo coronavírus — ele pode levar à desidratação e desnutrição, sendo considerado letal para os porcos. A boa notícia é que o uso do antiviral remdesivir, nas células humanas infectadas durante o experimento, foi capaz de retardar a sua propagação.
Ainda não houve nenhum registro de humano infectado pelo SADS-CoV, mas os pesquisadores recomendam que seja feito um monitoramento contínuo de quem trabalha na suinocultura, para prevenir possíveis surtos da doença.