Políticos ligados ao campo da oposição usaram suas redes sociais nesta terça-feira (10) para criticar duramente Jair Bolsonaro que, ao responder um internauta no Facebook, comemorou o fato de a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ter suspendido testes da vacina Coronavac. O imunizante está sendo desenvolvido em parceria entre a fabricante biomédica chinesa SinoVac e o Instituto Butantã.
“Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que o Dória queria obrigar a todos os paulistanos tomá-la. O Presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”, escreveu Bolsonaro no Facebook, sem citar fontes ou referências científicas na sua afirmação.
A reação ao comentário de Bolsonaro foi instantânea. O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), questionou a “vitória” de Bolsonaro. “163.000 mortos no Brasil. E Bolsonaro fala que ‘ganhou’? Qual a vitória? O atraso de uma possível vacina? Bolsonaro continua a ser o maior aliado do coronavírus no nosso país”, disse.
“Cadeia é muito pouco para canalhas que fazem politicagem com vacina, a única saída para pôr um ponto final na maior crise de saúde pública e socioeconômica da história”, escreveu o ex-ministro Ciro Gomes (PDT-CE).
O candidato à prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL-SP) condenou a postura dos bolsonaristas. “Bolsonaro disse hoje que ‘ganhou’ quando conseguiu suspender testes da vacina para uma doença que já matou 160 mil brasileiros. Russomanno também comemorou. Isso é genocídio em estado puro”.
Já o governador de São Paulo, João Doria (PSDB-SP), desmentiu Bolsonaro e disse que o participante das testagens envolvendo a CoronaVac não faleceu por questões envolvendo o imunizante.
A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, disse Bolsonaro é um genocida
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu nesta terça-feira (9) os testes da vacina do imunizante, feita em parceria com o Instituto Butantan, em São Paulo, após ter sido notificada sobre um “evento adverso grave” em um voluntário.
Durante coletiva de imprensa nesta manhã, o governo de São Paulo indicou ser impossível relacionar o “evento adverso grave” com o fator que causou a morte um voluntário.
A suspensão do teste clínico da vacina gerou desconforto e estranheza no governo paulista, que teme que o episódio seja usado politicamente para retardar o cronograma de aprovação do imunizante e a vacinação.O diretor geral do Instituto Butantan em São Paulo, Dimas Covas, acusou a Anvisa, sob direção do bolsonarismo, de suspender os testes da Coronavac sem qualquer motivo técnico. “Foi um óbito sem nenhuma relação com vacina. Estamos tratando de um evento adverso grave que não tem relação com a vacina”, declarou.
Agindo politicamente, Jair Bolsonaro disparou fake news em comentário no Facebook na manhã desta terça-feira (10), apontando diversos efeitos colaterais da vacina Coronavac e disse “mais uma que Jair Bolsonaro ganha”, referindo-se ao governador de São Paulo, que iniciou a parceria com a fabricante chinesa Sinovac para produção da vacina.