O ex-policial militar do Rio de Janeiro, que integrou o BOPE, Rodrigo Pimentel, famoso por ter escrito o livro ‘Elite da Tropa’, que serviu de base para o filme ‘Tropa de Elite’, e que também foi comentarista de segurança da TV Globo, está sendo acusado pela Polícia Federal de ter atrapalhado as investigações do caso Marielle Franco. As informações constam num relatório da PF sobre o assassinato da vereadora carioca e de seu motorista, Anderson Gomes, em março de 2018.
De acordo com o documento dos federais, Pimentel teria dado entrevistas à imprensa criticando o direcionamento das investigações e apontando supostos erros cometidos pelas autoridades, o que embaralharia a opinião pública e traria desgastes para o andamento dos trabalhos policiais. A PF diz que ele tomava tal conduta por orientação da família Brazão, da qual fazem parte o deputado federal Chiquinho Brazão e o conselheiro do TCE-RJ Domingos Brazão, que são irmãos, presos sob acusação de terem ordenado o crime contra a parlamentar municipal.
A família Brazão, aliás, mantinha um grupo muito ativo nas redes sociais para incentivar e fiscalizar de perto a propagação em larga escala de informações falsas que tinham por objetivo direcionar as investigações para outro lado, bem distante de Chiquinho e Domingos. Num desses conteúdos, relata a PF, utilizando-se de um print, um homem identificado como Kaio felicita Pimental por uma entrevista desse tipo, ao que o ex-PM agradece e responde “ajude a turma”.
Outra questão investigada pela PF é a relação próxima entre Pimentel e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa, também preso sob acusação de ser outro mandante do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes. Rivaldo era um policial profundamente envolvido com as milícias do Rio e era figura presente em regiões dominadas por esses criminosos na capital fluminense e na região metropolitana.
Rodrigo Pimentel se manifestou nesta sexta-feira (24) à rádio BandNews FM e afirmou que criticar uma investigação não é algo ilegal ou criminoso. Ele falou ainda que teria sido o primeiro comentarista do setor de segurança a citar que os irmãos Brazão deveriam ser investigados, negando qualquer contato com a família de políticos. Em relação a Rivaldo Barbosa, o ex-PM do BOPE disse que há mais de 15 anos, que já indicou os serviços de segurança da empresa do delegado a algumas pessoas, mas que jamais manteve relação comercial com ele.
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