Pesquisa apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA), intitulada “SISTEMÁTICA MOLECULAR DE LEPORINUS SPIX, 1829 (CHARACIFORMES ANOSTOMIDAE) DE BACIAS HIDROGRÁFICAS MARANHENSES”, foi apresentada na 74ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada em Belém do Pará. O estudo busca desvendar a rica diversidade dos peixes Leporinus nas bacias hidrográficas do Maranhão.
Através da análise de DNA mitocondrial, o estudo constrói uma detalhada árvore filogenética, revelando a presença de espécies crípticas – peixes morfologicamente semelhantes, porém geneticamente distintos.
A pesquisa é do graduando em Ciências Naturais pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), campus Caxias, José Wilson Gaida Filho e foi apresentado no stand da Fapema na SBPC, maior evento de divulgação científica da América Latina.
O presidente da Fapema, Nordman Wall, observa que o tema soma para ampliar o entendimento sobre a biodiversidade aquática das bacias hidrográficas maranhenses e na formulação de ações para preservar esses ecossistemas. “Estas espécies são indicadores poderosos da qualidade ambiental, recursos essenciais para comunidades locais e fundamentais para a economia pesqueira. Compreender suas populações e as condições de seus habitats é caminho para desenvolver estratégias eficazes de conservação e manejo sustentável”, frisou.
Sobre Leporinus
O gênero Leporinus pertence à família Anostomidae, a segunda mais diversa da ordem Characiformes na América do Sul – são mais de 150 espécies identificadas, em 15 gêneros. Dentre esses, Leporinus se destaca como o mais abundante, contando com cerca de 90 espécies válidas. Este grupo de peixes apresenta uma vasta distribuição, ocorrendo desde a América Central até o sul do continente sul-americano, com uma notável diversidade morfológica e genética.
A pesquisa focou na estimativa da variabilidade genética entre as espécies de Leporinus, encontradas nas bacias hidrográficas do Maranhão. Utilizando marcadores mitocondriais específicos, o estudo avaliou a diferenciação genética reconstruindo árvores filogenéticas detalhadas das espécies estudadas, com base em duas problemáticas: a baixa diferenciação genética entre peixes do gênero Leporinus, considerando a alta ocorrência de espécies crípticas – que são morfologicamente parecidas e molecularmente diferentes. O objetivo é identificar a qual espécie pertencem, utilizando técnicas específicas.
“Foram observadas divergências significativas entre os dados moleculares e as características morfológicas dos exemplares estudados, o que sugere a presença de espécies crípticas dentro do gênero Leporinus”, destacou o pesquisador. As descobertas apontam a necessidade de técnicas avançadas, como a delimitação automática de espécies, para que haja identificação precisa e confiável das já analisadas.
A coleta de espécimes para o estudo foi realizada nos rios Munin, Periá e Preguiças, onde os 13 exemplares do Gênero foram triados, etiquetados e conservados adequadamente. Os fragmentos de tecido muscular obtidos foram armazenados em álcool a 90% para análises moleculares subsequentes e laboratório.
Os resultados preliminares indicam uma diferenciação genética significativa dentro da espécie Leporinus piau, sugerindo a existência de, pelo menos, duas linhagens distintas na região.
“Os avanços deste estudo contribuem para o conhecimento científico sobre a biodiversidade aquática do Maranhão e fornece subsídios importantes para a conservação e manejo sustentável dos recursos hídricos da região”, aponta José Gaida Filho, acrescentando se tratar de uma contribuição importante para que se compreenda a evolução e diversificação dos peixes do gênero Leporinus. Ele destaca também, o reflexo do estudo na integração entre métodos morfológicos e moleculares da taxonomia moderna.
Ele observa que “a participação no estande da Fapema, na SBPC, traz uma oportunidade única para pesquisadores, iguais a mim, que estão começando no segmento, e muito importante para dar visibilidade e contribuir na divulgação e avanço da ciência, no Maranhão e no país.
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