O The Guardian, principal jornal da Inglaterra, traz com destaque uma reportagem onde analisa os primeiros 30 dias do governo de Jair Bolsonaro intitulada ‘”Cheira mal”: escândalos pairam sobre Bolsonaro após o primeiro mês no cargo’. A análise dos correspondentes Tom Phillips e Anna Jean Kaiser, destaca que apesar de contar com o apoio de grande parte da população, o primeiro mês foi marcado por uma sucessão de escândalos e de suspeitas de corrupção que envolvem diretamente o núcleo familiar do presidente e por uma tragédia-crime ambiental que já deixou 115 mortos e mais de 200 desaparecidos.
O Guardian ressalta que “Bolsonaro construiu seu ataque populista à presidência com a promessa trumpiana de drenar seu pântano político após o pior escândalo de corrupção de sua história” e que “em seu discurso de posse prometeu liderar uma cruzada que libertaria para sempre sua pátria “do jugo da corrupção”, algo que começa a ser ameaçado pelas suspeitas de travessuras políticas e vínculos com o crime organizado pairam sobre um dos filhos políticos de Bolsonaro – e alguns partidários começam a se preocupar com o ato de abertura desordenada de seu líder no poder”.
O jornal ressalta o comentário feito na semana passada pelo ativista de direita, Guto Zacarias, sobre as suspeitas de ligação do senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente, com um grupo de extermínio do Rio de Janeiro. “Cheira mal”, disse. Repercussão ficou ainda maior com a veiculação de denúncias de que o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente, “havia empregado a mãe e a esposa de um suposto líder do esquadrão da morte cuja gangue era suspeita de envolvimento no assassinato da vereadora Marielle Franco no ano passado”. “O homem que afirma ter recomendado as mulheres para esses empregos? Fabrício Queiroz, antigo amigo do presidente do Brasil”, destaca o texto.
“Mas mesmo antes de ele assumir o cargo em 1º de janeiro, o primeiro cheiro de escândalo estava no ar”, relembra o Guardian em referência às transações financeiras de Flávio Bolsonaro que são alvo de monitoramento pelo Conselho de Atividades Financeiras e da suspeita de envolvimento “em uma prática ilegal conhecida como rachadinha pela qual os políticos desviam parte de suas ações. salários dos empregados”, diz a reportagem.
Além do escândalo político que alcança o seu núcleo familiar, o Guardian também ressalta que a “catástrofe” de Brumadinho “levantou outras questões sobre os controversos planos do presidente para a desregulamentação ambiental: Bolsonaro atacou as agências ambientais por atrasarem o desenvolvimento com o que ele descreve como exigências excessivas de licenciamento e defendeu a liberação da mineração em reservas indígenas protegidas”.
A reportagem termina com uma frase emblemática: “Um ganhador do Prêmio Nobel ofereceu uma avaliação devastadora do comandante-chefe do Brasil: ‘Ele me assusta … o Brasil é um país grande e merece alguém melhor'”.