O universo político brasileiro avalia consensualmente que a ida de Sergio Moro para a consultoria americana Alvarez & Marsal é a pá de cal no sonho de candidatura presidencial. O ex-juiz não conseguiu deixar uma marca no governo, depois de “surfar” na onda da antipolítica para ser ministro da Justiça. Vaza Jato e o novo emprego macularam ainda mais a imagem dele. É carta fora do baralho, avaliam políticos e analistas.
De acordo com um líder do DEM, foi reduzida a margem de manobra do ex-ministro para fazer articulações visando uma eventual postulação. O partido não via com bons olhos as conversas entre Moro, o apresentador Luciano Huck e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), mirando 2022.
O integrante do DEM afirmou que a contratação do ex-ministro por uma empresa administradora da quebra da Odebrecht macula ainda mais a imagem dele, segundo informações publicadas pelo jornal Folha de S.Paulo.
Moro ocupou o ministério da Justiça depois de “surfar” na onda da antipolítica estimulada por setores conservadores. A bandeira da anticorrupção perdeu força ao decorrer do governo Jair Bolsonaro principalmente após a Vaza Jato, que foram irregularidades da Operação Lava Jato.
Segundo as reportagens produzidas pelo Intercept Brasil, Moro feria a equidistância entre quem julga e quem acusa, porque ele atuava como uma espécie de assistente de acusação, ajudando procuradores na elaboração de denúncias.
Moro deixou o governo em abril deste ano, após Jair Bolsonaro exonerar Mauricio Valeixo da Polícia Federal. O ex-juiz não conseguiu deixar uma marca no ministério da Justiça. Agora tenta a carreira na consultoria Alvarez & Marsal (EUA), que administra a quebra de empreiteiras como Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão e Sete Brasil, esta última criada para operações no pré-sal.
O Tribunal de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil – seccional São Paulo (OAB-SP) notificou o ex-juiz para reiterar que é proibida a prática de atividade privativa da advocacia aos clientes da consultoria norte-americana.