O jornalista Breno Altman, editor do site Opera Mundi, comentou na TV 247 o aparente distanciamento da burguesia brasileira em relação a Jair Bolsonaro diante da crise da pandemia. Ainda que declarações recentes de certos setores da elite, como o empresariado, transparecem um rompimento da classe com o bolsonarismo, sua ligação com a agenda neoliberal do atual governo continua firme.
Altman afirmou que a burguesia se incomoda atualmente com a imagem que Bolsonaro representa, principalmente após os sucessivos erros da atual gestão diante das políticas de combate ao coronavírus, mas isso não significa um rompimento com o neoliberalismo. “A ambiguidade deles não tem apenas a ver com o fato de que são estruturalmente antipestistas, eles são conjunturalmente anti-Bolsonaro. Exatamente por que são conjunturalmente anti-Bolsonaro e estruturalmente antipetistas, a dubiedade do comportamento deles será permanente. Essa gente tem acordo com a essência do governo Bolsonaro, que é o neoliberalismo. A burguesia mandou um capataz cuidar dos porcos e agora está reclamando que ele está malcheiroso. Eles votaram no Bolsonaro para o Bolsonaro fazer o serviço sujo e agora estão incomodados com o mau cheiro e aparência que o Bolsonaro exala. É um comportamento de muita dubiedade, mas revela isolamento do Bolsonaro”.
Sobre a burguesia também não manifestar apoio à eventual volta do ex-presidente Lula ao poder, o jornalista disse que o setor trabalha para criar e sustentar uma terceira via para assumir o Palácio do Planalto a partir de 2023. “Eles tentam recuar da posição que tiveram pró-Bolsonaro para uma outra postura que é a ‘nem nem’, nem Bolsonaro e nem Lula, tentando pavimentar o caminho de uma terceira via ao centro. Esse é o esforço da burguesia”.