O ex-ministro Geddel Vieira Lima foi preso na tarde desta segunda-feira (3) pela Polícia Federal durante uma ação na Bahia. A prisão preventiva foi pedida pela PF e pelos integrantes da Força-Tarefa da Operação Greenfield, a partir de informações fornecidas em depoimentos do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, do empresário Joesley Batista e do diretor jurídico do grupo J&F, Francisco de Assis e Silva, sendo os dois últimos em acordo de colaboração premiada.
Segundo o Ministério Público Federal (MPG), Geddel vinha tentando atrapalhar as investigações, atuando para evitar que Lúcio Funaro e o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB), ambos presos na Lava Jato, negociassem acordo de delação premiada.
Há menos de duas semanas o ex-ministro entregou seu passaporte e colocou seu sigilo bancário à disposição do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), com o objetivo de evitar a prisão.
O ex-ministro foi citado mais de uma vez na delação premiada dos executivos do grupo empresarial J&F, que deu origem à investigação contra Temer. Segundo os depoimentos, ele seria o intermediário nas negociações com o presidente até o momento em que foi afastado da articulação do governo no Congresso. Apesar disso, ele não figura como investigado no inquérito.
Geddel Geddel deixou o governo em novembro do ano passado, após ser denunciado de pressionar o então ministro da Cultura Marcelo Calero para que o Iphan liberasse a construção de um prédio em região tombada de Salvador.
Ligações para Lúcio Funaro
O doleiro Lúcio Funaro – apontado como um dos principais protagonistas no esquema de corrupção da Lava Jato e operador do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) – relatou, em depoimento à Polícia Federal, que o ex-ministro Geddel Vieira Lima, um dos mais próximos de Temer, ligou insistentemente para saber se o doleiro estava fechando acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal. Na época das ligações telefônicas, Geddel ainda não havia deixado o governo e era o homem de confiança de Temer.
Funaro estará no conteúdo da denúncia que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentará contra Temer ao Supremo Tribunal Federal (STF), até o próximo dia 19.
A denúncia contra Temer, que parte da gravação de uma conversa do presidente da República com dono da JBS, Joesley Batista, e de delações de executivos da empresa, deve reiterar os crimes de obstrução de justiça, organização criminosa e corrupção passiva, os mesmos crimes que embasaram a abertura de inquérito contra o peemedebista no Supremo.
Quando deixou o governo, Geddel teria sido substituído pelo ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB) para tratar de assuntos pessoais de Temer, entre eles, o do episódio que veio à tona na delação da JBS, no dia 17 de maio. Loures foi filmado recebendo do executivo Ricardo Saud, da JBS, uma mala com R$ 500 mil. O suborno seria apenas uma das parcelas de um pagamento que soma mais de R$ 600 milhões, segundo a PF, para atender a interesses da empresa junto ao governo.
Preso pela PF, Loures fazia também a mediação entre Temer e o dono da JBS. Numa das gravações feitas pelos investigadores, o ex-deputado do PMDB marca o encontro que ocorreria em março no Palácio Jaburu entre o presidente e o empresário. No encontro, Temer disse a Joesley Batista que Loures era homem de sua confiança.