A decisão de votar, na Câmara, o parecer sobre a denúncia contra o presidente Michel Temer somente no dia 2 de agosto, anunciada nesta quinta-feira (13) pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), acende o sinal de alerta no Planalto especialmente com relação à possível delação do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Apesar de interlocutores da base aliada afirmarem que o governo não tem pressa para esta votação, a expectativa de que fatos novos piorem a situação de Temer preocupa.
Cunha teria entregado, na noite da última sexta-feira, anexos de sua proposta de delação premiada. Segundo o Valor Econômico, o material ainda estaria sendo analisado.
Além de Cunha, seu ex-sócio Lúcio Funaro também estaria dando prosseguimento ao acordo de delação premiada. As delações teriam relação com a próxima denúncia que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, está preparando contra Temer, e diz respeito à obstrução de justiça por ter supostamente apoiado a compra de silêncio de Cunha por parte do empresário Joesley Barista, da JBS.
Por sua vez, em nova oitiva, feita na semana passada, Funaro afirmou que entregou pessoalmente malas de dinheiro ao ex-ministro Geddel Vieira Lima em uma sala no aeroporto de Salvador. Geddel era considerado um dos homens de confiança de Temer, e é acusado de tentar obstruir a investigação de supostas irregularidades na liberação de recursos da Caixa Econômica Federal. Sua prisão preventiva foi pedida com base em acusações do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, do empresário Joesley Batista e do diretor jurídico do grupo J&F, Francisco de Assis e Silva, feitas em depoimentos ao MPF.