Uma ex-aluna de Silvio Almeida, advogado e ex-ministro dos Direitos Humanos, afirmou ter sido vítima de assédio sexual em 2007, enquanto cursava Direito na Universidade São Judas, em São Paulo. A denúncia foi revelada em uma entrevista exclusiva à coluna Guilherme Amado, do Metrópoles. A mulher, que preferiu não revelar sua identidade por medo de represálias, deu detalhes sobre o ocorrido em duas entrevistas gravadas no dia 12 de setembro.
Segundo a ex-aluna, o episódio ocorreu durante um evento na universidade, no início do segundo semestre de 2007. Na ocasião, Almeida teria se aproximado do grupo em que a estudante estava conversando e feito uma abordagem constrangedora. “Eu não me sentia muito à vontade com a presença dele, então dei um passo para trás para evitar cumprimentá-lo. Ele me olhou e falou: ‘Você não vai me dar um beijo com essa sua boca gostosa, não?’”, relatou a ex-aluna. Ainda segundo o depoimento, o ex-ministro a puxou e lhe deu um beijo no canto da boca, o que a deixou em choque.
A mulher também descreveu que o comportamento inadequado do ex-ministro já havia sido notado anteriormente, quando Almeida foi seu professor na disciplina de Filosofia em 2006. Ela e outras colegas perceberam olhares invasivos e gestos que descreveu como inadequados. “Ele tinha um comportamento de medir com o olhar, morder os lábios quando olhava para a gente. O jeito que ele abraçava a gente, pegava um pouco abaixo do seio. Era escancarado, fora do normal”, afirmou.
Essas declarações vêm à tona após Almeida ser demitido do cargo de ministro dos Direitos Humanos no início de setembro, após denúncias de assédio sexual. Além da ex-aluna, outras mulheres, incluindo a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, teriam sido alvos de comportamentos inadequados por parte do ex-ministro.
A ex-aluna enfatizou que decidiu se manifestar publicamente ao ver outras denúncias contra Silvio Almeida ganharem destaque na mídia. Ela explicou que o episódio de 2007 ainda a afeta emocionalmente, e que a dor de relembrar o incidente foi intensificada ao tomar conhecimento de outros casos. “Senti nojo, asco, me senti violada. Eu não dei liberdade, ele encostou no meu corpo sem consentimento. Dói. A cada hora que abro a internet e leio sobre outras denúncias, parece que estou sendo beijada à força, sendo puxada, ouvindo tudo de novo”, desabafou.
Procurado pela coluna, Silvio Almeida não respondeu às acusações até o momento. A Universidade São Judas, por sua vez, afirmou que não recebeu nenhuma denúncia formal contra o ex-professor, mas que está apurando internamente as informações. A instituição destacou seu compromisso em manter um ambiente seguro e respeitoso para todos os alunos e colaboradores, repudiando qualquer atitude que possa caracterizar assédio ou violência.
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