A nota BB- que o Brasil recebeu ontem da agência de risco Standard&Poor’s não é novidade para quem tem olhos e coração. Apenas confirma o que os brasileiros sentem no bolso, em casa e nas ruas.
A grana – se existe – não circula. As placas de imóveis à venda e para alugar se multiplicam pelo país. A indústria não deslancha. O desemprego cresce e os salários desabam.
Cada um se vira como pode. A violência é comparável à de uma guerra civil. O número de indigentes que caminham pelas ruas como zumbis e dormem embaixo de viadutos ou de marquises nunca foi tão grande em São Paulo, que é uma espécie de desaguadouro da miséria nacional.
Todos os índices de prosperidade e de qualidade de vida despencam.
Nossos credores suspeitam que Temer não vai honrar as dívidas se não tem como melhorar a vida dos brasileiros e continuar queimando bilhões com sua própria sobrevivência, como tem feito desde ao menos maio do ano passado. E não sem razão.
Estão vendo que Temer administra o caixa com a mais completa irresponsabilidade e lidera um governo com vários ministros denunciados e investigados pela Justiça que mantém nos cargos.
Como podem confiar no que diz respeito a dinheiro num governo liderado por um presidente e vários ministros sobre os quais pesam muitas e graves acusações de malversação do dinheiro público?
O governo supõe que ninguém está vendo o que ocorre no Brasil?
É claro que os analistas da Standard&Poor’s viram o tape em que o homem de confiança de Temer corre na calçada com uma mala contendo 500 mil reais.
É claro que eles viram as fotos das malas recheadas de dinheiro no apartamento de um grande amigo e ex-ministro do presidente.
Eles sabem que amigos do círculo íntimo de Temer, tais como Eduardo Cunha, Henrique Eduardo Alves, Geddel Vieira Lima estão presos por crimes tais como corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
E aí vem o Henrique Meireles e diz que o rebaixamento ocorreu porque a reforma da Previdência não foi aprovada!
Ou seja: a culpa é dos deputados que se recusam a fazer haraquiri e dos brasileiros que os pressionam a não o cometer!
Quanta fanfarronice! Ele acredita mesmo que alguém vai cair na sua lábia? Alguém vai acreditar que se a reforma for aprovada as agências de risco vão nos elevar novamente? E o Brasil vai crescer de novo?
Alguém vai deixar de suspeitar que a reforma tem por objetivo encher os cofres públicos e o governo desviar a grana da Previdência para pagar suas dívidas e tranquilizar a Standard&Poor’s?
O rebaixamento é o reflexo do poço sem fundo em que começamos a cair quando a dupla Temer-Meirelles assumiu o comando, é o reflexo da baderna na economia, da total ausência de qualquer medida que apontasse para o crescimento, da total ausência de rumo.
O rebaixamento é o reflexo de um país sem comando.
O rebaixamento é o reflexo dos prejuízos bilionários que a Lava Jato provocou, destruindo as grandes empreiteiras, a indústria naval e a indústria do petróleo.
O rebaixamento é o reflexo do desperdício de dinheiro demonstrado pelo presidente da Petrobrás, Pedro Parente, ao oferecer 10 bilhões de dólares para encerrar processos movidos por acionistas americanos que poderia postergar.
Mas o rebaixamento foi provocado, sobretudo, pela falta de confiança que inspira um governo afogado num mar de lama – não aquele atribuído a Getúlio, mas um de verdade.
Um governo campeão em déficit moral, déficit ético, déficit de QI e déficit econômico não tem como não ser rebaixado.
Um exemplo de falta de QI é que, apesar dos desastres que Meirelles tem produzido, Temer prefere que ele continue como ministro e não se lance a presidente.
Já os brasileiros preferem lançar Meirelles para Marte.