ASSUNÇÃO , PARAGUAI – Longe das suítes de luxo dos hotéis cinco estrelas, o ídolo do futebol Ronaldo de Assis Moreira, o Ronaldinho Gaúcho, e seu irmão Roberto de Assis passaram a noite em uma cela improvisada do Grupamento Especializado da Polícia Nacional, após serem oficialmente acusados pela posse de documentos paraguaios adulterados. O local recebe apenas presos de maior relevância. Os dois tiveram a prisão decretada pela Justiça do Paraguai na noite de sexta-feira, acusados de falsificar documentos, e estão impedidos de saírem do país durante as investigações. Ronaldinho e Roberto deixaram a prisão para prestar depoimento na manhã deste sábado ao novo representante do Ministério Público no processo, que determinará se lhes concede liberdade provisória. Os dois chegaram algemados para a audiência.
Ronaldinho dormiu em uma cama de solteiro dentro de uma sala administrativa, habilitada como cela no chamado “quadrilátero” do Grupamento, relatou o chefe do quartel, comissário Blas Vera.
A poucos metros do dormitório improvisado, estão presos um conhecido político paraguaio processado por corrupção e Ramón González Daher, ex-presidente da Associação de Futebol do Paraguai.
Os chamados presos especiais – alguns deles acusados de narcotráfico – cumprem penas neste mesmo prédio.
O ex-jogador de futebol, astro da Seleção Brasileira, do Barcelona e do Paris Saint Germain e que conquistou a Bola de Ouro como melhor do mundo em 2005, recebeu várias visitas. Ronaldinho e o irmão pediram comida de uma rede de fast food para jantar pouco antes da meia-noite (hora local).
Um dos visitantes entregou uma sacola com cobertores e roupas de cama e dois advogados que o acompanharam saíram com mochilas supostamente pertencentes a Ronaldinho e seu irmão, que continham pertences pessoais, mudas de roupas e produtos de higiene pessoal, informou o jornalista Iván Leguizamón, do jornal ”ABC Color”.
Ronaldinho e seu irmão foram presos no hotel ao chegarem do Palácio da Justiça, onde prestaram depoimento por cerca de sete horas perante o juiz do caso, Mirko Valinotti, que negou o “critério de oportunidade” pedido pela Promotoria Geral, que sugeriu arquivar o processo. Eles estavam no hotel Sheraton, na capital paraguaia.
O magistrado havia dito aos repórteres que Ronaldinho estava livre, mas indicou que ele havia devolvido o arquivo ao Ministério Público (MP).
Segundo o “ABC Color”, Ronaldinho e o irmão já tinham um bilhete de voo reservado para voltar ao Brasil marcado para às 17h de sexta-feira. Eles só não retornaram porque a audiência demorou cerca de sete horas.
Os dois tiveram a prisão decretada pela Justiça do Paraguai na noite de sexta-feira, acusados de falsificar documentos, e estão impedidos de saírem do país durante as investigações.
Embora não houvesse medidas cautelares em relação aos irmãos, o juiz remeteu ao MP do Paraguai o processo a fim de que seja ou não ratificado o pedido dos promotores. Enquanto isso, Ronaldinho e seu irmão estavam livres.
O caso ficou a cargo da Procuradoria Geral, chefiada por Sandra Quiñónez. De acordo com o Ministério Público paraguaio, o uso de documentos públicos com conteúdo falso pode levar a uma pena de cinco anos ou multa.
A Procuradora-Geral do Estado, Sandra Quiñonez, ordenou a substituição dos promotores do caso, que recomendavam a liberdade dos brasileiros.
O novo representante do Ministério Público no processo, Osmar Legal, ordenou a captura de ambos e seu encaminhamento para a sede do Grupamento Especializado. Ronaldinho e Roberto devem prestar depoimento neste sábado ao novo representante do Ministério Público no processo, que determinará se lhes concede liberdade provisória.
O empresário Wilmondes Sousa Lira, suposto representante do ex-jogador de futebol, permanecerá em prisão preventiva na Penitenciária de Tacumbú, considerando que há perigo de fuga. Ele foi acusado de uso de documentos falsos e associação criminosa. As mulheres apontadas como titulares dos dois passaportes adulterados, María Isabel Gayoso e Esperanza Caballero, ficaram em prisão domiciliar.
ENTENDA O CASO
O ex-astro do Barcelona e da seleção brasileira Ronaldinho Gaúcho e seu irmão Roberto Assis foram detidos pela polícia do Paraguai na noite desta quarta-feira sob acusação de ter entrado no país usando supostos passaportes falsos.
Euclides Acevedo, ministro do Interior do Paraguai, informou que investigadores entraram na suíte presidencial do Hotel Yacht y Golf Club, onde Ronaldinho estava hospedado, e encontraram dois passaportes adulterados. Um estava em nome do ex-jogador e o outro no do irmão.
Ronaldinho chegou ao Paraguai na quarta-feira para o lançamento do seu livro “Gênio da vida” e participaria do lançamento de um programa social destinado a crianças organizado pela Fundação Fraternidade Angelical.
Ronaldinho Gaúcho responsabilizou o empresário Wilmondes Sousa Lira, de 45 anos, que o representa no país vizinho, por portar o documento adulterado. Tanto o craque quanto o irmão e agente dele, Ronaldo de Assis Moreira, foram levados pelos agentes.