A gestão pública brasileira da pandemia de Covid-19 é a pior do mundo, de acordo com um estudo publicado nesta quinta-feira (28) por um grupo de reflexão na Austrália. A estratégia da Nova Zelândia é considerada a melhor, embora o país tenha confirmado dois novos casos da variante sul-africana do coronavírus nas últimas horas.
O Lowy Institute de Sydney analisou quase 100 países de acordo com seis critérios, como casos confirmados, mortes e capacidade de detecção da doença. No total, o Brasil tinha 8.996.876 de infecções confirmadas e 220.161 mortes na quarta-feira (27), para uma população de 209,5 milhões de habitantes. A Nova Zelândia registrou 2.299 casos do novo coronavírus e 25 mortes desde o início da pandemia, em uma população de cerca de 5 milhões de pessoas.
“Coletivamente, esses indicadores indicam quão bem ou mal os países administraram a pandemia”, diz o relatório desta instituição independente.
Além da Nova Zelândia – que praticamente erradicou o vírus com fechamentos de fronteira “precoces e drásticos”, bloqueios e testes de diagnóstico – ,Vietnã, Taiwan, Tailândia, Chipre, Ruanda, Islândia, Austrália, Letônia e Sri Lanka estão entre os dez principais países que melhor responderam à pandemia. No final da lista estão Brasil (98), México, Colômbia, Irã e Estados Unidos.
Em número total de mortes, o Brasil perde apenas para os Estados Unidos. As duas nações mais populosas do continente americano tiveram em comum governos de líderes populistas nacionalistas – Jair Bolsonaro e Donald Trump – que minimizaram ativamente a ameaça da Covid-19, ridicularizaram o uso de máscaras, opuseram-se a lockdowns e fechamentos, enquanto os países eram altamente infectados pelo vírus.
A China – onde o vírus surgiu no final de 2019 – não está incluída na lista por falta de dados de diagnóstico disponíveis ao público, segundo os autores.
De acordo com os autores do estudo, Pequim tentou agressivamente manipular a percepção pública de como estava lidando com a epidemia para provar que seu sistema autoritário é superior a governos democráticos, muitos dos quais fracassaram na crise.
O Lowy Institute afirma que não há um vencedor claro quando se trata de saber qual sistema político administrou melhor a pandemia porque, em praticamente todos os países analisados, a resposta à Covid-19 foi bastante medíocre.
“Alguns países administraram a pandemia melhor do que outros, mas a maioria deles se destacou apenas por seu desempenho insatisfatório”, observa o estudo. Países pequenos, com populações abaixo de 10 milhões de pessoas, mostraram ter algumas vantagens.
“Em geral, os países com menos populações, sociedades mais coesas e instituições bem treinadas têm uma vantagem comparativa quando se trata de lidar com crises globais como a pandemia”, revela o estudo.
Mais de 100 milhões de pessoas foram infectadas com o vírus e 2,2 milhões morreram desde dezembro de 2019.
Nova Zelândia
Depois de diagnosticar duas pessoas com a variante sul-africana em seu território, a Nova Zelândia tenta determinar como o vírus chegou ao país, apesar dos rígidos controles na fronteira. As autoridades de saúde garantem que os dois casos, um adulto e uma criança, foram infectados no mesmo hotel habilitado para a quarentena onde outra pessoa deu positivo no último fim de semana.
De acordo com as autoridades, o Pullman Hotel em Auckland não está aceitando novos hóspedes ou permitindo partidas enquanto examina como a infecção se espalhou.
“Parece que algo aconteceu no Pullman, onde essas pessoas poderiam potencialmente entrar em contato umas com as outras. Esta investigação continuará”, informou o ministro para a resposta à Covid-19, Chris Hipkins.
Hipkins disse a um jornal local que todos os contatos próximos dos três casos tiveram resultados negativos até o momento. Ele espera que o surto esteja contido.
A Nova Zelândia impõe duas semanas de quarentena e um teste negativo a todas as pessoas que chegam do exterior antes de entrar no país. Os novos casos respeitaram todos os requisitos, mas tiveram resultados positivos após o fim da quarentena.
A variante sul-africana do coronavírus é mais contagiosa que a anterior, embora a Organização Mundial da Saúde (OMS) tenha garantido que não há evidências de que seja mais grave ou mais letal.