Temer vai ter que enfiar a viola no caso no caso do indulto natalino. Seu ministro da Justiça, Torquato Jardim, chegou a dizer que o decreto, não podia ter sua legalidade contestada. “ Não depende de vontade judicial nem de alvitre do Ministério Público”, escreveu ele em artigo em O Globo. Declarou ainda que a chance de recuo era zero. A presidente do STF, ministra Cármem Lúcia, entretanto, resolveu enquadrar Temer e conceder a liminar pedida pela Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, suspendendo os efeitos do decreto. Desencarnando aos poucos do papel de presidente de uma corte dividida, o que algumas vezes exigiu dela uma ação conciliadora em busca do consenso mínimo, Cármem começa a reassumir seu perfil individual, menos conciliador. “Indulto não é prêmio a criminoso”, disse ela. Com a decisão, ela diz a Temer que ele não pode tudo e que, se depender dela, serão barrados os movimentos do Palácio do Planalto para conter o combate à corrupção e facilitar a vida dos réus que integram o bloco no poder. O decreto, ao alargar de forma inédita os critérios para a concessão do perdão de penas, foi a ousadia maior de Temer nesta movimentação, depois da troca do comando da PF.