As movimentações financeiras atípicas de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) causam preocupação e desconforto entre integrantes do governo de transição, principalmente militares. Os desdobramentos do caso assumem dimensões políticas negativas para o governo que sequer tomou posse e atingem a imagem do presidente eleito, Jair Bolsonaro.
O jornalista Gerson Camarotti informa em seu Blog que o desconforto é maior principalmente entre os interlocutores da área militar do futuro governo. Nesse grupo, a avaliação é de que é necessária uma explicação convincente.
O silêncio prolongado de Fabrício Queiroz provoca forte contrariedade e a percepção de que isso pode causar desgaste precoce na imagem do próprio Bolsonaro.
“Uma coisa é a justificativa jurídica para o Ministério Público; outra coisa é uma resposta imediata para a sociedade. Caso contrário, haverá desgaste político”, disse um integrante da equipe de transição.
A própria resposta de Bolsonaro gerou desconforto. O presidente eleito disse que os R$ 24 mil depositados por Fabrício na conta de sua esposa, Michele Bolsonaro, eram pagamento de uma dívida.
O problema, segundo outro interlocutor de Bolsonaro é que o presidente eleito não mostrou todos os registros bancários do dinheiro emprestado para Fabrício Queiroz ao longo dos anos. “Como tem o registro do Coaf do dinheiro de volta, é preciso mostrar o registro do dinheiro que foi para o ex-assessor”, ressaltou.
A avaliação dessa fonte é que quando a justificativa é simples, ela tem que ser imediata. “O tempo da política não permite demora para uma explicação que seja convincente”, reforçou esse interlocutor.
Outra preocupação na equipe de transição é com o racha na bancada do PSL, como mostrou recentemente o vazamento de conversas entre deputados eleitos pelo WhatsApp.
Isso porque já começa a dar um sinal externo de divisão, o que fragiliza muito a estratégia de governabilidade no Congresso da futura gestão.