O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse nesta segunda (17) em Washington que achou que era mentira quando ouviu pela primeira vez o áudio entre Joesley Batista, donos da JBS e o presidente Michel Temer. “Não acredito que isso esteja acontecendo”, declarou Janot durante uma palestra na capital americana.
Em delação premiada, Joesley Batista mostrou a gravação de uma conversa com Michel Temer e afirmou que tinha negociado pagamento de propina com Lúcio Funaro, ex-assessor especial do presidente. Com base nas informações, a PGR apresentou denúncia contra Temer por corrupção passiva.
“A primeira reação nossa foi dizer ‘isso é mentira, não acredito que isso esteja acontecendo’ “, declarou Janot.
“Não acredito que isso esteja acontecendo. Isso não pode acontecer depois de três anos e meio de lava jato, com esses números, é inacreditável que a prática continua de maneira aberta”, continuou o procurador-geral.
Imunidade
Janot disse também que para os padrões norte-americanos o conteúdo da delação dos irmãos Batista, donos da JBS, seria o suficiente para conceder imunidade aos delatores.
Após o acordo de delação premiada com a procuradoria, Joesley e o irmão, Wesley Batista, obtiveram o direito de não responder criminalmente pelo esquema de propinas que revelaram a procuradores e terão dez anos para pagar uma multa de R$ 225 milhões.
Os termos foram considerados no Brasil como muito benéficos em comparação aos que foram acordados com outros delatores da Operação Lava Jato.
“A pessoa que entrega no curso do cometimento do crime um presidente da República, eu duvido que para o padrão norte-americano isso não seria suficiente para entender pela imunidade”, argumentou Janot no evento em Washington.
O procurador-geral disse, ainda, que não poderia “engolir seco” e deixar que as pessoas continuassem praticando crime porque não queria conceder imunidade. Ele ressaltou que “ninguém se sente feliz concedendo imunidade a criminoso”.
Janot defendeu o processo usado na procuradoria para determinar os termos dos acordos de delação.
“Jamais um colega vai sozinho ouvir um delator. Não há nenhuma decisão tomada na hora. Nós deliberamos em conjunto o que pode ser feito e não pode ser feito”, explicou.