O médico Drauzio Varella estimou que Brasil, atualmente com 314 mil mortes por Covid-19, chegará aos 400 mil óbitos já no mês de maio. O oncologista alertou para a gravidade da situação de hospitais do País inteiro. Sem citar nomes, o oncologista também criticou políticos que negaram a gravidade da pandemia. De acordo com Varella, Jair Bolsonaro deveria pedir desculpas à nação e responder criminalmente pela atuação na pandemia. O relato foi publicado pelo jornal Valor Econômico.
“Nesse ritmo, é questão de uns 70, 75 dias. Já no fim de maio, chegaremos às 400 mil mortes no Brasil. Como a saúde vai dar conta de uma coisa dessas? Impossível”, disse. “O controle da pandemia escapou ao alcance dos serviços de saúde. Ninguém tem ideia do caos que são as UTIs hoje. Colegas na linha de frente veem acabar os medicamentos para a intubação. Agora, imagina você acordar com um tubo na garganta, sem entender nada”, afirmou.
De acordo com o médico, “nossos hospitais entraram em colapso, todos eles, no país inteiro”. “E esse colapso não atinge só as pessoas com covid, mas também as que têm outras doenças”.
“Vacinação? Esquece, é como se as vacinas não existissem [neste momento, para conter o agravamento da doença]. Pensa comigo, se você pega o vírus hoje numa festa, os primeiros sintomas virão cinco, seis dias depois. Aí você perde o olfato, fica enjoada, sente dor no corpo, a primeira semana vai ser mais ou menos bem para todo mundo. As complicações vão surgindo pelo oitavo, nono, décimo dia. Não se morre de cara… Em grande parte dos casos, a pessoa morre quatro semanas depois de pegar o vírus”, acrescentou.
Jair Bolsonaro
Na entrevista, Varella disse que Bolsonaro “deveria aparecer diante da nação e pedir desculpas, dizer que estava completamente errado, e que é preciso fazer distanciamento social, coisa que ele não vai fazer. E esquecer essa bobagem de tratamento precoce”, disse.
“Eu não queria falar com o presidente, não. Porque dizer a ele para pedir desculpas é muito pouco. Acho que ele tem que responder criminalmente pelo o que tem feito. Você não pode causar uma hecatombe, uma catástrofe dessa num país, e depois dizer: ‘olha, me desculpe, eu me enganei'”, complementou.
O médico também criticou o fato de várias lideranças políticas terem negado a gravidade da pandemia. “Negacionismo é uma palavra muito leve para caracterizar essas pessoas, isso é fingir que algo não existe. O que fizeram foi tomar atitudes para disseminar a epidemia. Agiram ativamente, comandados pelo presidente da República, que é o maior responsável por tudo o que estamos vendo”, disse.
Estatísticas
De acordo com a plataforma Worldometers, o Brasil tem o segundo maior número de casos da Covid-19 (12,5 milhões), atrás dos Estados Unidos (31,0 milhões).
O governo brasileiro também contabilizou, até o momento, a segunda maior quantidade de óbitos (314 mil) provocadas pela pandemia. Nessa estatística os EUA também estão em primeiro lugar (563 mil).
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