O embaixador e ex-ministro Celso Amorim classificou na TV 247 nesta terça-feira (24) como “absurdo” o fato de o governo Jair Bolsonaro excluir de seus planos para a vacinação da população brasileira contra a Covid-19 o imunizante desenvolvido pela China em parceria com o Instituto Butantan, a CoronaVac.
Amorim lamentou a chamada “politização das vacinas” e disse que apenas lhe consola o governo federal estar disposto a adquirir a vacina desenvolvida pela Oxford em conjunto com a Fiocruz, devido o grande prestígio da instituição. “É lamentável que isso esteja politizado dessa forma, deveria ter uma colaboração entre o governo federal e os governos estaduais para ver o que é melhor para o Brasil. O que me consola em relação a vacina que o governo federal está indo é que é a Fiocruz, eu tenho muita confiança na Fiocruz, é uma instituição que tem resistido aos piores embates desde o tempo da ditadura”.
“Acho que houve muito atraso, a gente poderia ter se concentrado mais. Acho um absurdo o governo brasileiro não incluir a vacina [da China], que não é chinesa né. Na realidade a China fez renovação tecnológica, mas é o Butantan que irá produzir uma grande parte dela. Mas é um absurdo não incluir nos seus planos essa vacina, isso viabilizaria mais economicamente o projeto, como também não acho errado ter a vacina que a Fiocruz está fazendo”, completou.
De acordo com o ex-ministro, a decisão de Bolsonaro de não comprar a CoronaVac se dá exclusivamente por “motivo fútil”. “Só há motivo fútil nisso, duplamente fútil, porque é ideológico contra a China e de rivalidade política contra o [governador de São Paulo, João] Doria, coisa que não tem nada a ver, nem uma coisa nem outra”.