Do advogada Janaina Paschoal, que pediu a prisão de Aécio Neves, ao apresentador Marcio Garcia, que comparou a queda do tucano a um flagra com sua mulher na cama, a crise moral do PSDB deixou uma legião de órfãos; nos últimos dias, o ex-ministro Miguel Reale e o empresário Ricardo Semler anunciaram sua desfiliação; na Globo, tanto João Roberto Marinho, em editorial, como o colunista Merval Pereira, expressaram seu descontentamento; lista de ex-amigos de Aécio inclui ainda nomes do entretenimento como Luciano Huck e Marcelo Madureira; se não bastasse a decepção com Aécio, que poderá ser preso no dia 20, os simpatizantes do PSDB ainda viram o partido embarcar num abraço de afogados com Michel Temer para salvar seus investigados na Lava Jato.
Nunca foi tão difícil ser simpatizante do PSDB como neste idos de 2017. Um ano depois de um golpe parlamentar que arruinou a economia brasileira, liderado pelo senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) e feito “só para encher o saco”, os tucanos perderam também o discurso moralista que usaram como trampolim político nos últimos anos.
Nesta semana, quando muitos esperavam que o PSDB entregasse seus cargos no governo de Michel Temer, que será denunciado pela Procuradoria-Geral da República por corrupção, organização criminosa e obstrução judicial, a cúpula tucana fechou um acordo com o PMDB de proteção mútua. De um lado, o PSDB dá votos a Temer no Congresso. De outro, os peemedebistas impedem a cassação de Aécio, pego num esquema filmado e gravado de propinas de R$ 2 milhões da JBS.
Tamanha lassidão moral causou profundos danos à imagem do partido. O ex-ministro Miguel Reale Júnior, um dos autores da peça jurídica das pedaladas fiscais, usadas para justificar o golpe, se desfiliou do PSDB, alegando ser impossível continuar ligado a um partido tão frouxo eticamente. A advogada Janaina Paschoal, co-autora da peça, defendeu a prisão de Aécio.
Na mídia mais alinhada ao PSDB, a decepção foi também gigantesca. Tanto o jornal O Globo, de João Roberto Marinho, como seu colunista Merval Pereira se posicionaram contra o pacto espúrio firmado entre tucanos e peemedebistas.
Para completar, a lista de órfãos do falso moralismo tucano também atingiu diversas personalidades do mundo do entretenimento, como Luciano Huck, Marcelo Madureira e Márcio Garcia, que passaram a integrar a lista de ex-amigos de Aécio. Garcia disse que a decepção foi gigantesca e comparável à de encontrar sua mulher na cama com outro amante.
Mas já dava para desconfiar de Aécio, Temer e companhia, não é?