Em entrevista ao programa Bom Dia 247, o jornalista Breno Altman comentou sobre a trajetória de Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda e ex-deputado federal que faleceu aos 96 anos na madrugada desta segunda-feira (12). O economista estava internado desde a última segunda-feira (5) no Hospital Israelita Albert Einstein em decorrência de complicações no seu quadro de saúde.
Segundo Altman, Delfim foi “o mais célebre economista da burguesia industrial brasileira no pós-Segunda Guerra junto com o Roberto Campos”. “O Delfim Netto era de uma outra escola econômica. Se quisermos brincar com as palavras, ele era um ‘keynesiano de direita’. Ele agregava às teorias do Keynes um fator essencial para a burguesia dos países periféricos: a superexploração do trabalho. O grande atrativo que os países periféricos tinham para atrair capital era salários baixos e poucos direitos”, disse.
O jornalista explicou que, embora Delfim Netto fosse um reacionário de direita, acabou se aproximando de setores progressistas. “Delfim foi, ao seu modo, reacionário e de direita, um desenvolvimentista. Nem todos os desenvolvimentistas são de esquerda. Ele expressava, naquele período histórico, a vocação de um certo setor da burguesia brasileira em industrializar o país. […] Essa burguesia brasileira disposta a industrializar e desenvolver o país desapareceu depois de décadas de rentismo. Desapareceu a tal ponto que o Delfim Netto, em termos relativos, virou um personagem progressista. Ele passou a expressar uma vocação de desenvolvimento do país que o fez se aproximar, não ideologicamente, mas em termos práticos, do Lula e do PT”.
Breno Altman pontua que Delfim Netto termina sua vida em um lugar em que é visto com certa simpatia por setores de esquerda. “Ele foi um personagem que transitou pelas distintas eras políticas do país, saindo de um patamar profundamente reacionário e terminando sua vida em um lugar em que ele era visto com uma certa simpatia pelas forças de esquerda, porque mantinha ainda de pé a bandeira da industrialização. Ele passa a ver nos governos petistas a última possibilidade da reindustrialização do país”, afirma.
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