Uma audiência está ocorrendo nesta segunda-feira (17) em Imperatriz, no Maranhão, para acelerar a reintegração de posse à Suzano Papel e Celulose de terras ocupadas há quatro décadas por mais de 700 famílias nos assentamentos Sapucaia e Riacho das Traíras, situados entre os municípios de Vila Nova dos Martírios e São Pedro da Água Branca, no Maranhão.
A ação judicial foi movida pela empresa no ano passado, que reivindica a área. Agora, novas informações indicam que a operação de reintegração pode envolver um grande aparato policial.
De acordo com o deputado federal Márcio Jerry, nas redes sociais, “o plano prevê a utilização de 196 policiais militares, 24 viaturas, 20 motos, 10 cavalos e 01 helicóptero. Estamos cobrando providências para evitar esse ato injusto e violento””, escreveu no X.
O parlamentar denunciou a tentativa da empresa Suzano de retirar famílias que vivem nessas áreas e cobra providências do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
“Não aceitaremos que essa injustiça se concretize. Essas famílias têm direito à terra onde vivem há décadas”, afirmou. O caso deve seguir em debate nos próximos dias, e Jerry informou que levará a denúncia para a Câmara dos Deputados.
Em fevereiro, a Fórum mostrou que cerca de 700 famílias que vivem há 40 anos nos assentamentos do Maranhão corriam risco de perder suas terras pela disputa fundiária iniciada pela gigante da celulose. Os moradores temem um despejo forçado, que pode gerar um grave conflito social. Um morador nascido e criado no Assentamento Sapucaia relatou que plantações, moradias e memórias estão ameaçadas.
“Tô com 50 anos e tô aqui dentro também. Meu pai veio para Vila Nova em 1968. Eu sou nascido em Vila Nova e eu sempre soube que essa área não é da Suzano, nunca foi. Aliás, nós nunca nem conhecíamos essa firma, ninguém aqui conhecia essa firma”, disse Ângelo Ribeiro de Souza. “Não tem lógica isso, o que a gente está vendo aqui é um verdadeiro desrespeito com a população, que vai de criança até senhora de 70, 80 anos”.
A maioria dos moradores são agricultores familiares e dependem do cultivo da terra tanto para o próprio sustento quanto para o desenvolvimento econômico da região.
“Daqui tiramos abacaxi, tiramos o queijo, o ovo, a galinha, o pato, tiramos tudo daqui. Arroz, feijão, nós temos milho, nós temos aqui um celeiro, um banco de alimentos para a sociedade de Vila Nova. Se isso aqui acabar, a bel prazer da Suzano, como é que vamos ficar? Nós estamos aqui há muito tempo. Quem tem que sair daqui é justamente a Suzano”, completou o morador de Sapucaia.
Há menos de um mês, a Fórum contatou a Suzano, mas até hoje não obteve retorno. O espaço desta reportagem também segue aberto para possíveis manifestações.
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