A Interpol, agência de investigação internacional, tirou o advogado Rodrigo Tacla Duran da lista de procurados internacionais do órgão neste sábado (4). Segundo comunicado da Interpol, a agência considerou que “diante do comportamento do juiz responsável por presidir sobre seu caso no Brasil, dúvidas suficientes têm sido colocadas sobre o fato de uma violação do Artigo 2 da Constituição da Interpol pode ter existido”. O artigo 2 fala sobre a necessidade de respeito à Declaração Universal de Direitos Humanos para a colaboração entre as polícias dos diferentes países -para a Interpol, a ação de Moro desrespeita os direito de Duran. A pedido da defesa, a agência suspendeu o alerta vermelho que existia em seu nome desde setembro de 2016 a pedido da Justiça brasileira.
O caso faz referência à entrevista concedida por Moro ao Roda Viva, da TV Cultura, em 27 de março. Foragido na Espanha, Duran acusou Moro de receber valores indevidos através de um amigo para favorecer delatores da operação. Em entrevista ao Roda Viva, o juiz diz acreditar que é apenas uma tentativa de afastá-lo do caso.
Desde julho, a Comissão de Controle da Interpol avalia o caso. Segundo o repórter Jamil Chade, depois de uma avaliação e consultas às autoridades de Brasil e Espanha, a comissão indicou que os elementos apresentados por Tacla Duran eram de fato “novidades” que teriam de ser considerados. De acordo com a agência, tais dados poderiam ter levado a Interpol a uma “diferente conclusão” sobre o suspeito.
Tacla Duran apresentou três argumentos à Interpol para justificar seu pedido para que o alerta vermelho em seu nome fosse retirado: seu caso havia sido em parte transferido do Brasil para a Espanha, os direitos a um devido processo legal no Brasil não teriam sido cumpridos e, para completar, a Espanha rejeitou sua extradição ao País.
Entenda o caso
Ignorado pela mídia hegemônica e pela Lava Jato, o advogado Rodrigo Tacla Duran, que atuou como consultor da Odebrecht, denunciou que os sistemas eletrônicos Drousys e MyWebDay, utilizados pela construtora para gerenciar o pagamento de propinas, teriam sido adulterados de modo a produzir provas para incriminar figuras que estariam no alvo de procuradores da força-tarefa da Operação ava Jato, em Curitiba.
Após a denúncia, Moro negou quatro vezes pedidos para que Tacla Duran fosse ouvido como testemunha do ex-presidente Lula. Entre os motivos apresentados, Moro alegou “endereço desconhecido” – a Justiça espanhola tem o endereço do advogado – e “custo muito oneroso” – sendo que o depoimento poderia ser feito como à Câmara, por vídeo conferência.