Judeus e muçulmanos lado a lado com um único objetivo: repudiar a candidatura de extrema direita à Presidência da República representada por Jair Boslonaro (PSL). Ao todo, dez grupos ligados às duas comunidades, representando cerca de 15 mil pessoas, emitiram uma nota conjunta se posicionando contra a postulação de Bolsonaro. “Nossa bandeira comum, como muçulmanos e judeus, é barrar toda forma de violência, de preconceito e qualquer outro elemento que dê base ao projeto fascista desse homem e de seus seguidores”, diz o texto da nota.
“O documento que une muçulmanos e judeus contra a candidatura da extrema-direita no Brasil representa o vínculo que esses dois grupos têm com a tolerância religiosa e com a necessidade de manter o diálogo e não embarcarmos num caminho sem volta para a intolerância e o fascismo. Judeus e muçulmanos do Brasil estão comprometidos com uma sociedade plural, mais justa e democrática. Ambos os grupos, com todas as suas contradições e questões, estão comprometidos na luta contra a candidatura da extrema-direita apresentada neste ano, disse à revista Época o historiador e pesquisador do Núcleo Interdisciplinar de Estudo Judaicos e Árabes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Michel Gherman.
O membro do Juprog (Judeus Progressistas), Mauro Nadvorny, gravou vídeo denunciando o assédio de alguns judeus em prol da candidatura de Bolsonaro. Nele, afirma jamais ter imaginado que um povo martirizado pelos horrores do holocausto pudesse aderir a um discurso nazi-fascista. Nadvorny constata a triste realidade da adesão de alguns amigos e parentes: “Eu tive que me desfazer de amigos de longa data, de congelar velhas amizades… Até de parentes eu me afastei”.