“O juiz Sergio Moro deixou a magistratura para fazer parte do governo Bolsonaro, que foi de certa forma beneficiado, não pela Lava Jato em si, mas por tudo o que acontecia naquela situação”, diz Nino Toldo, ex-presidente da Associação de Juízes Federais.
O juiz Nino Toldo, que presidiu a Ajufe (Associação de Juízes Federais do Brasil) entre 2012 e 2014, e defendia sem qualquer ressalva o ex-juiz Sergio Moro reviu sua posição, ao conceder entrevista ao jornalista José Marques.
“É fundamental, para que o sistema de Justiça funcione bem, que não exista nenhum questionamento quanto à imparcialidade do juiz. O juiz não deve dar motivo para que a sua imparcialidade seja questionada. Uma certa frustração que gera é que isso possa estar sendo questionado agora. Por exemplo, o juiz Sergio Moro deixou a magistratura para fazer parte do governo Bolsonaro, que foi de certa forma beneficiado, não pela Lava Jato em si, mas por tudo o que acontecia naquela situação. A meu ver é muito ruim esse questionamento. Não critico o Sergio Moro pela decisão que ele tomou de sair da magistratura. Mas qualquer medida que um juiz tome que possa pôr em dúvida a sua imparcialidade é criticável”, disse ele.
“Eu sou um crítico dos juízes que expõem demais na mídia, que se deixam expor, que se levam, sei lá por qual motivo, se por vaidade ou não…”, afirmou ainda o magistrado. “O que o juiz precisa sempre levar em consideração é que ele tem suas próprias limitações, tem que buscar agir de forma extremamente correta nos casos que tem que julgar sem se deixar levar por essa aclamação popular que ele possa ter em função daquilo que ele está julgando.”