Apontado como operador de propinas do PSDB em São Paulo, o engenheiro Paulo Vieira de Souza pode virar recordista em menções em delações. Ele já foi citado por sete delatores da Lava Jato (da Odebrecht, Andrade Gutierrez e pelo operador Adir Assad), e aparece em depoimentos de outros três executivos da OAS e da Queiroz Galvão que negociam acordo com procuradores.
Todos acusam Souza, conhecido como Paulo Preto, de ter cobrado propina na obra do Rodoanel, realizada na gestão do tucano José Serra (2007-2010). Documentos enviados de autoridades suíças apontam que Souza teve uma conta naquele país com R$ 113 milhões.
Diferentemente do que ocorre em dezenas de delações, nas quais incongruências e variações na narrativa são comuns, os relatos sobre Souza são similares.
Um delator da OAS, Carlos Henrique Barbosa Lemos, conta que houve uma reunião no Palácio dos Bandeirantes, com Aloysio e outros integrantes do governo, para checar se de fato Souza representava Serra e o seu chefe da Casa Civil —havia uma desconfiança de que ele embolsava o que dizia ser dinheiro para futuras campanhas.
Lemos afirma que Souza passou aos executivos qual seria a agenda do encontro, ponto por ponto. Souza teria dito que, se os pontos tratados por Aloysio fossem exatamente os que ele listara, era sinal de que ele representava a cúpula do governo paulista naquela época.
Foi exatamente o que ocorreu, segundo o executivo da OAS. Após a reunião, disse, cessaram as dúvidas sobre quem Souza representava.