Conheci Marco Antônio Vieira da Silva desde sempre. Ainda menino, o
via como parte da paisagem afetiva da minha infância, alguém que se
confundia com as histórias, os risos e os compromissos do meu pai, o
jornalista Moreira Serra. Cresci escutando seu nome em casa, nas
redações, nos bastidores das rádios e das TVs, e logo percebi que
Marco Antônio era mais que uma figura pública: era uma presença firme,
constante, leal, que unia o jornalismo, a advocacia, o esporte, a
amizade e a família num mesmo corpo.
Marco Antônio não era só um nome importante na comunicação maranhense.
Era um homem de ação, de voz, de ideias e atemporal. Advogado vibrante
e jornalista combativo, foi também, junto com meu pai, seu pai, o
deputado Raimundo Vieira da Silva, e os irmãos Fabiano e Paulo Sérgio
Almeida Vieira da Silva, um dos fundadores da Rádio Ribamar Limitada —
empresa que iniciaria as bases da TV Cidade – Rede Bandeirantes. A
Rádio Ribamar foi, durante muito tempo, não apenas um veículo de
comunicação, mas também um polo de resistência política, de
criatividade e de modernidade no rádio maranhense.
Para além do ofício, Marco Antônio fez-se conhecido pela sua vasta
cultura e inteligência densa, pelo seu amor ao basquete — que jogava
com maestria — e pela sua franqueza, sempre temperada com respeito.
Era um homem de posições firmes, sim, mas jamais de palavras vazias.
Sabia ouvir e, mais que isso, sabia sustentar o que dizia com
elegância e profundidade. Sua franqueza era sua marca; sua lealdade,
seu selo.
Amigo dos irmãos, dos amigos e dos amigos dos amigos, Marco Antônio
tecia laços afetivos que o tempo não rompeu. Tive o privilégio de
viver ao seu lado, afetiva profissionalmente, nos últimos 35 anos
de nossas vidas. Estivemos juntos na Rádio Ribamar, na Rádio Cidade,
na TV Cidade e, antes disso, na TV Record. Foram décadas de
caminhadas, conversas, desafios e aprendizado. Em todas essas etapas,
Marco Antônio manteve sua essência: sincero, transparente,
trabalhador, combativo e amigo.
Marco Antônio era também um homem discreto. Apesar da vida pública,
tinha na discrição um traço marcante do seu jeito de ser. Não se
deixava seduzir por holofotes fáceis, preferia o bastidor da
construção ao palco da vaidade. Mas, paradoxalmente, era desses homens
que deixavam marca profunda por onde passavam — não por desejo ou
vontade pessoal, mas porque não havia como ser ignorado.
A sua atuação profissional, sempre comprometida com a verdade e com a
ética, inspirava colegas e formava gerações. Ele era desses
profissionais que tinham o dom de ensinar sem impor, que orientavam
com o exemplo, que mostravam que o jornalismo e o Direito podem
caminhar juntos quando o compromisso é com a justiça e com a palavra
certa, no tempo certo.
Hoje, ao relembrar sua trajetória, percebo o quanto sua presença
moldou não apenas a minha visão profissional, mas também minha visão
de mundo. Marco Antônio me ensinou que ser amigo é estar junto, que
trabalhar com paixão é resistir, que a memória é um bem precioso —
sobretudo em tempos de esquecimento fácil. Sua vida foi um testemunho
disso tudo.
Marco Antônio Vieira da Silva segue vivo na lembrança de quem o
conheceu, trabalhou com ele ou simplesmente ouviu sua voz nas ondas do
rádio ou o viu em ação nos corredores da televisão e da vida. A ele,
meu respeito, minha gratidão e meu testemunho. Marco Antônio foi
grande — e seguirá sendo.