As informações que o empresário tem envolvem o mensalão mineiro e são capazes de colocar uma pá de cal definitiva sobre a carreira de Aécio Neves e Eduardo Azeredo, ambos do PSDB de Minas.
De acordo com o juiz Wagner Cavalieri, titular da Vara de Execuções Criminais da Comarca de Contagem, o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, condenado a 37 anos e cinco meses de prisão pelo envolvimento no escândalo do mensalão, “é possuidor de inúmeras informações de interesse da Justiça e da sociedade brasileira sobre fatos ilícitos diversos que envolvem a República”.
Trocando em miúdos, essas informações envolvem o mensalão mineiro e são capazes de colocar uma pá de cal definitiva sobre a carreira de Aécio Neves e Eduardo Azeredo, ambos do PSDB de Minas
Por esse motivo, foram ignoradas as formalidades e a fila para a sua transferência de presos para o sistema Apac.
O jornal O Tempo, de Minas, informa que Valério negociou a sua delação premiada e quer dar detalhes do escândalo criminoso que ficou conhecido como mensalão tucano mineiro, quando recursos de estatais teriam sido supostamente desviados para a campanha à reeleição do ex-governador Azeredo. O tucano já foi condenado em primeira instância e recorre em liberdade, mas diversos réus, entre eles Marcos Valério, ainda aguardam a primeira decisão da Justiça.
Foi por isso que a própria Polícia Federal fez o pedido para que Marcos Valério, condenado a 37 anos e cinco meses de prisão pelo envolvimento no escândalo do mensalão, fosse transferido da penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, para a Apac de Sete Lagoas, na região Central do Estado. O objetivo está expresso na decisão do juiz Wagner Cavalieri, titular da Vara de Execuções Criminais da Comarca de Contagem. No documento, ao qual O TEMPO teve acesso, ele aponta que o pedido da PF se deu “a fim de concluir o procedimento de colaboração premiada sob análise do Supremo Tribunal Federal”.
Os advogados de Marcos Valério, entre eles Jean Kobayashi Junior, tentavam já havia algum tempo negociar a transferência para a unidade prisional e incluíram essa exigência em uma tentativa de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF). Contudo, após a tomada de um depoimento inicial, as tratativas não avançaram, e, por isso, a defesa de Valério passou a discutir com a Polícia Federal a possibilidade de uma delação premiada.
Procurado para falar sobre a transferência e as negociações para uma delação, Kobayashi explica que a corporação mostrou-se interessada, mas exigiu provas. “Estamos juntando as provas, os documentos, para fazer um dossiê e entregar para a PF e, após a análise deles, sentarmos novamente para arguirmos se vai ser aceita ou não pela corporação”, disse.
A mudança para a Apac é vantajosa para o empresário não só por ser um local que proporciona uma forma alternativa de cumprimento da pena, mas também pela facilidade de acesso de familiares e advogados. Bem diferente da penitenciária de segurança máxima Nelson Hungria, onde Valério cumpria pena até semana passada.
“A transferência foi apreciada agora pelo magistrado, que deferiu o pedido pelo fato dele preencher todos os requisitos legais para ser concedido. Um deles é que sua atual esposa mora e estuda em Sete Lagoas. Nada mais que direito; como todos os corréus do mensalão do PT tiveram esse benefício, ele teve agora, após quatro anos na penitenciária de segurança máxima”, explica.