Para Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia, as frases ditas por Jair Bolsonaro, entre elas a de “que não tem que ter nada” para o governador do Maranhão, Flávio Dino, “traduzem discriminação a um dos 27 estados da federação e revelam claramente ameaça à existência da União, que é uma das razões para impeachment”
Eu sempre tentei imaginar as barbaridades que Bolsonaro diz quando ninguém escuta, já que tudo o que já disse publicamente nunca se ouviu de um presidente da República.
Ignorando que o microfone estava aberto, ele disse a Onix Lorenzoni, a seu lado, durante coletiva com a imprensa estrangeira, sexta-feira, a respeito do governador Flávio Dino:
“Não tem que ter nada para esse cara”.
Tudo nessa frase é antirrepublicano.
“Esse cara” é governador do Maranhão, eleito pelos maranhenses e, portanto, deveria ser respeitado por todos que se submetem à democracia, principalmente pelo presidente da República.
Não foi o caso. Bolsonaro o tratou como algum subalterno seu e não o representante de milhões de brasileiros que moram no Maranhão.
Ao ordenar “não tem que ter nada para esse cara” cometeu, além da ameaça, uma falácia. O governo federal não dá nada aos estados, apenas repassa os valores dos impostos arrecadados pelo fisco estadual, obtidos pela indústria, comércio e agricultura do estado. O que muitas vezes acontece é Brasília reter esses valores, deixando os governadores à míngua.
Suas palavras que traduzem discriminação a um dos 27 estados da federação revelam claramente ameaça à existência da União, que é uma das razões para impeachment.
Se essa ordem que deu ao seu ministro-chefe da Casa Civil se transformar em atos de governo – a constituição pune atos e não palavras – ficará sujeito a isso, assim que o Congresso se desvencilhar da reforma.