Em entrevista ao jornalista Vicente Vilardaga, o jurista Miguel Reale Jr, de 74 anos, afirma que “corremos o risco de entrar numa ditadura por meio do voto”. Ele também explica por que defendeu a abertura de um processo de impeachment contra Jair Bolsonaro, durante o Carnaval. “É passível de impeachment porque o impeachment precisa ter a configuração de um delito político e o delito está na falta de decoro. Enviar esse vídeo para a população brasileira com acesso à internet foi escarradamente uma falta de decoro. Esse é o pressuposto jurídico, falta o pressuposto político. Acho que politicamente agora não tem viabilidade, nem haveria caminho, mas o presidente está insistindo em abrir esse caminho para o impeachment”, diz ele.
Reale também diz que o ex-juiz Sergio Moro deveria ter continuado à frente da Lava Jato. “Acho que sim, primeiro porque afastaria qualquer dúvida de eventual parcialidade. Ele foi para um governo que é inimigo do PT, do PSDB, e deu sentenças, a começar pelo caso do Lula, contra políticos desses partidos. E depois fiquei insatisfeito em ver o ministro sendo desautorizado na nomeação da cientista política Ilona Szabó para o Conselho Penitenciário. Foi uma humilhação. Bolsonaro não respeitou o ministro. Moro não teve liberdade para indicar a suplente de um conselho. Por quê? Porque ela critica o governo. Bolsonaro não consegue conviver com a adversidade.”