A vereadora Marielle Franco foi assassinada a tiros na noite da quarta-feira (14) na região central do Rio de Janeiro. Segundo policiais do 4° BPM de São Cristóvão que foram acionados para uma ocorrência de roubo de carro com morte na esquina das ruas Joaquim Palhares com João Paulo I, no Estácio, Marielle foi baleada dentro de um automóvel. Ela estava acompanhada de uma assessora, que sobreviveu.
O motorista, que guiava o veículo, também não resistiu e morreu no local. Ele ainda não foi identificado. De acordo com as primeiras informações um carro emparelhou e efetuou disparos contra o veículo dela.
Agentes do 4º BPM (Praça da Harmonia) e bombeiros foram acionados e a via foi interditada para o trabalho de perícia da Delegacia de Homicídios (DH).
“É muito chocante, é muito violento. Ela lutava pela paz e pela Justiça. Tudo indica que não foi assalto. É tudo muito precário e chocante. Em um momento que o Rio está sob intervenção, uma pessoa da importância da Marielle sofre esse tipo de violência e barbárie. Vou pedir uma apuração rigorosa, pois isso não pode ficar no rol dos 90% dos crimes que não são esclarecidos. Ela fazia parte da Comissão da Câmara que fiscalizava a intervenção. Não quero ser leviano, mas isso tem que ser apurado com celeridade. É imprescindível”, declarou o deputado federal Chico Alencar.
Quinta vereadora mais votada do Rio nas eleições de 2016 pelo PSOL com 46.502 votos, Marielle Franco tinha acabado de sair de um evento chamado “Jovens Negras Movendo as Estruturas”, na Lapa.
Socióloga formada pela PUC-Rio e mestra em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Marielle trabalhou em organizações como a Brasil Foundation e o Centro de Ações Solidárias da Maré (Ceasm). Nascida e criada na Maré, coordenou a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), ao lado de Marcelo Freixo.
Representando as bandeiras do feminismo e dos direitos humanos, levou para o debate eleitoral a defesa dos moradores de favelas e organizou audiências públicas sob a questão de gênero e com integrantes do movimento negro. Participou ainda de diversos debates sobre educação, economia solidária e ativismo na internet. Ela preparava um projeto para coibir o assédio nos ônibus municipais.
Marielle Franco fez denúncia nas redes sociais no último sábado
No último sábado (10), a vereadora denunciou uma ação de PMs do 41º BPM (Irajá) na Favela de Acari. Segundo ela, moradores reclamaram da truculência dos policiais durante a abordagem a moradores.
Marielle compartilhou no Facebook uma publicação em que comenta que os rapazes foram jogados em um valão. De acordo com moradores, no último sábado, os PMs invadiram casas, fotografaram suas identidades e aterrorizaram populares no entorno.
“Precisamos gritar para que todos saibam o está acontecendo em Acari nesse momento. O 41° Batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro está aterrorizando e violentando moradores de Acari. Nessa semana dois jovens foram mortos e jogados em um valão. Hoje a polícia andou pelas ruas ameaçando os moradores. Acontece desde sempre e com a intervenção ficou ainda pior. Compartilhem essa imagem nas suas linhas do tempo e na capa do perfil!”
Precisamos gritar para que todos saibam o está acontecendo em Acari nesse momento.
O 41° Batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro está aterrorizando e violentando moradores de Acari.
Nessa semana dois jovens foram mortos e jogados em um valão.