CARTA ABERTA À ADVOCACIA MARANHENSE*
Por Karol Carvalho, Conselheira Federal
Há exatos oito anos juntei-me há um grupo de advogadas e advogados que sonhavam fazer a diferença pela advocacia e pela OAB Maranhão. Erámos mulheres e homens ávidos por ter uma instituição que pertencesse a todos. Não à toa adotamos o lema a “Casa de Todos”, que refletia o nosso desejo de fazer da Ordem uma instituição de todos e de todas, sobretudo da sociedade.
Passado esse tempo, sinceramente posso dizer que conseguimos sim fazer a diferença. Mudamos paradigmas, criamos novas estruturas, apresentamos propostas inovadoras que fortaleceram nossa profissão e que mantiveram o respeito à história da nossa instituição, e também o respeito da sociedade. Criamos laços, ultrapassamos as fronteiras de São Luís, e ofertamos novas oportunidades para a advocacia. Um sonho realizado e que se concretizara.
Era um trabalho conjunto e que gerou bons frutos. Estive ao lado de grandes mulheres e grandes homens que disponibilizaram seu tempo, sua vida para que tudo o que sonhamos se tornasse realidade. Não foi o sonho de uma pessoa só. Não foi o projeto de uma só pessoa. Era um projeto de vários que queriam uma Ordem altiva e altaneira como sempre buscamos, mas sobretudo, acessível a todos nós.
No decorrer dessa jornada, vi muitas coisas acontecerem. “Amigos irmãos”, “amigas irmãs” serem colocados de lado por projetos pessoais. Serem esquecidos ou mesmo desmoralizados em uma baixa política de desconstrução de imagens daqueles, que outrora foram a base de tudo o que foi construído.
Ao longo desse tempo, ocupei os cargos de presidente da Comissão de Política Criminal e Penitenciária, membro da comissão nacional de direitos humanos, coordenei o Núcleo Estadual de Defesa das Prerrogativas, Conselheira Federal, primeira mulher Procuradora Nacional das Prerrogativas, e novamente Conselheira Federal, coordenadora da pasta sobre política penitenciária, membro da comissão nacional da mulher advogada. Orgulho-me do trabalho prestado à classe e à Ordem. Sei que fiz o meu melhor e vivi grandes coisas.
Hoje, temos uma outra realidade, ou melhor dizendo, voltamos à realidade que outrora combatíamos. Temos hoje uma Ordem refém do poder político, ausente diante das causas da sociedade e omissa à realidade da nossa advocacia. Não fomos capazes de organizar uma simples eleição para escolha de desembargador para o Quinto Constitucional. Por outro lado, tivemos uma eleição anulada por suspeita de fraude. Processo de bloqueio de contas da nossa Seccional, ausência nos principais debates em defesa da sociedade e da classe.
É uma triste realidade, principalmente para aqueles que construíram e sonharam com uma Ordem para todos. Por tudo isso, que passamos nos últimos anos, é que declaro aqui de público meu afastamento do grupo que hoje está à frente da OAB Maranhão. Não me cabe julgar a quem quer que seja. Cada cabeça uma sentença. Cada um que responda por suas atitudes. Por tudo que sonhei conjuntamente com aqueles que em 2015 abdicaram de tudo por um OAB representativa e defensora da advocacia, e por não concordar com a condução da ordem, tomo essa atitude de forma serena e com a certeza de que é o melhor para mim e para os que sempre confiaram em mim.
Não abro mão de cumprir meu último ano como Conselheira Federal pela advocacia do maranhão. Pois fui eleita para isso. Não fui colocada lá por uma pessoa. Não fui indicação de ninguém. Fui eleita. Trabalhei para isso, e, em respeito aos que confiaram seu voto a mim, seguirei cumprindo minha agenda em 2024, em Brasília, como sempre fiz, representando o Maranhão.
Agradeço aos amigos advogados que sempre me apoiaram, mas agradeço muito à cada mulher advogada que nesses oito anos tivemos contato. Nós, mulheres advogadas, precisamos mais do que nunca abrir os olhos e sermos dona de nossas histórias. Não sejamos mais coadjuvantes para que as galerias de presidentes de nossa seccional sejam apenas de homens. Sejamos nós as protagonistas.
Tenho certeza que cada advogada nova que entra na Ordem já percebeu que nossa instituição ao longo de seus 93 anos, a serem completos em 2024, não foi capaz de eleger uma mulher para presidi-la. O poder está em nossas mãos. Busquemos fazer a diferença, e mudar essa realidade. Temos excelentes advogadas em nossos quadros. Mulheres competentes e que podem dar sua contribuição para a história da OAB no Maranhão.
Por fim, agradeço a todos que confiaram a mim não uma vez, mais nas três vezes em que coloquei meu nome para disputa em uma chapa. Seus votos não foram em vão. Eu os respeitei sempre com trabalho, com honestidade e com altivez em cada vez que relatei projetos no Conselho Federal ou em que estive representando a OAB Maranhão.
São Luís(MA), de 30 de setem dezembro de 2023.
Ana Karolina Sousa de Carvalho Nunes, Conselheira Federal.
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