DICA DE LEITURA
Em abril completei 23 anos de advocacia, sendo que desses anos 21 deles foram completados nos quadros da Defensoria Pública do Estado do Maranhão. Durante esses anos vi incontáveis e injustificáveis injustiças. Cheguei a pensar que estivesse calejado a ponto de não mais me indignar com as perversidades humanas. Todavia, ao ler o livro OCEANO SEM LEI do jornalista americano Ian Urbina, vi que minha capacidade de indignação ainda estava viva como nos tempos da faculdade de Direito.
Ian Urbina é um premiado jornalista investigativo do The New York TEMPOs. Passou cerca de 6 anos no mar investigando um oceano sem lei. Investigou a fundo a pesca ilegal oceânica, a escravidão em alto mar, a prática de prisões ilegais nas águas internacionais, os depósitos ilegais de armas, a pirataria, o tráfico de pessoas, a exploração sexual etc. Diante de tamanha capacidade investigativa, não há como não se indignar com tantas injustiças apuradas ao longo das investigações jornalísticas.
Por outro lado, o livro demonstra pessoas e organizações que lutam contra as ilegalidades do oceano sem lei, provando que o ser humano é capaz de atitudes de muita nobreza e de doação ao próximo. Isso gera motivos para uma grande reflexão. Como o Brasil está atuando em relação às suas águas? Será se nossas águas também é um lugar sem lei? Será se não está na hora de protegermos nossas águas? Devemos encontrar a resposta para essas perguntas.
O livro também deixa claro que devemos ter uma postura crítica sobre nosso padrão de consumo. Será se devemos consumir pescados de empresas que praticam o trabalho escravo? Será se devemos viajar em navios que promovem a exploração sexual ou que jogam seus resíduos no mar? Será se devemos consumir produtos de cargueiros que mantém mercenários com o poder de matar em águas oceânicas?
Outro ponto forte do livro é a excelente redação jornalística de Ian Urbina. É uma escrita excelente e faz o leitor visualizar os fatos narrados como se estivesse no local. É uma aula de como escrever e de como narrar fatos relevantes. Por tudo isso é uma leitura essencial para defensores de direitos humanos, advogados, juristas, estudiosos das relações internacionais e da geopolítica. É também uma leitura importante para as pessoas em geral para que não sejam vítimas de tráfico de pessoas, trabalho escravo e exploração sexual.
Essa é a dica!
Boa leitura.
Ricardo Luís de Almeida Teixeira
É escritor e defensor público.
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