Executivos de supermercados consideraram um ato de desespero a cobrança do governo Jair Bolsonaro para que o setor explique o aumento nos preços dos alimentos. A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) do Ministério da Justiça notificou a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e os representantes de produtores de alimentos para que expliquem, dentro de cinco dias, a alta dos custos de produtos alimentícios que compõem a cesta básica. A informação foi publicada pela coluna Painel S.A. da Folha de S.Paulo.
Alguns supermercados do Rio de Janeiro, por exemplo, estão limitando compras por clientes devido à alta da inflação. A cesta básica ficou 20% mais cara nos últimos 12 meses. Neste ano o arroz, por exemplo, teve um reajuste de até 320%, de acordo com ProconsBrasil.
Quando o órgão do Ministério da Justiça anunciou que havia notificado a Abras (grupo de supermercados), João Sanzovo Neto, presidente da instituição, estava reunido com Bolsonaro. Ele foi surpreendido pela notificação, depois do encontro no Planalto.
Jair Bolsonaro culpou as pessoas que cumpriram a quarentena pela crise dos preços dos itens da cesta básica. “Pessoal falou fique em casa, a Economia vem depois. Apesar disso, eu perdoo quem falava isso aí”, disse ele, nesta quarta-feira (9), em conversa com apoiadores no Palácio do Alvorada.
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou esta semana que o governo não vai intervir nos preços dos principais alimentos da cesta básica brasileira. A Abras Associação Brasileira de Supermercados, que representa 27 associações estaduais afiliadas, disse ver “essa conjuntura com muita preocupação, por se tratar de produtos da cesta básica da população brasileira”.
O motivo real da alta é o fato de o governo Bolsonaro, para privilegiar o agronegócio, não haver restringido as exportações, como fizeram os demais países produtores, que buscaram garantir a segurança alimentar de suas populações. Com a alta do dólar, os grandes produtores brasileiros fizeram a festa e agora não há arroz para a população.