O ex-ministro da Fazenda, Antonio Palocci, contou aos procuradores da Lava Jato como concedeu benefícios fiscais à Globo, segundo informa o jornalista Maurício Lima, na coluna Radar; não se sabe, no entanto, se este anexo de sua colaboração será aceito, uma vez que a Globo mantém parceria informal com a equipe da operação; em abril deste ano, Palocci afirmou que poderia revelar como instituições financeiras e empresas de comunicação pressionavam o governo para obter vantagens tributárias
247 – O jornalista Maurício Lima, que edita a coluna Radar, revela que o ex-ministro Antônio Palocci preparou um anexo sobre a Rede Globo. “Prestes a ser concluída, a delação de Antonio Palocci tem um anexo que entra e sai da versão final — sobre questões fiscais da Rede Globo. Em junho, Moro condenou o ex-ministro a 12 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro”, diz ele, na edição de Veja desta semana.
Não se sabe, no entanto, se este anexo de sua colaboração será aceito, uma vez que a Globo mantém parceria informal com a equipe da operação.
Abaixo, reportagem do jornal GGN, de abril deste ano, sobre as primeiras sinalizações de Palocci a respeito de empresas de comunicação:
Palocci ameaça arrastar mercado financeiro e empresas de comunicação para a Lava Jato
Por Cíntia Alves, no jornal GGN
Em depoimento diante do juiz Sergio Moro, nesta quinta (20), o ex-ministro Antonio Palocci negou que tenha recebido pagamento de vantagens indevidas em benefício próprio ou em nome do PT em troca de defender os interesses da Odebrecht nos governos Lula e Dilma. Por outro lado, em jogada com sua defesa, Palocci sinalizou que pode arrastar para a Lava Jato nomes de mercado financeiro e grandes empresas de comunicação que teriam pedido “grande montantes de recursos” no início do primeiro mandato de Lula. Isso para mostrar que não era apenas a Odebrecht que exercícia forte lobPor na política.
Na rodada de perguntas feitas por seu advogado, Palocci foi confrontado sobre a existência de uma planilha onde constam valores que a Odebrecht diz que seram “provisões” destinadas ao financiamento de campanhas do PT. A planilha apresenta valores que Marcelo Odebrecht afirmou que foram repassados ao partido em troca de aprovações de dois projetos do interesse do grupo, pelo menos.
Palocci negou que tenha negociado propina com a empresa, mas admitiu que “tomou conhecimento” da história de “provisões da Odebrecht ao PT” ainda no governo Lula. Segundo ele, pouco antes da eleição de 2014, a Odebrecht fez chegar ao ex-presidente a informação de que havia, “além daquilo que havia sido comprometido na campanha [doação oficial], uma provisão em torno de R$ 200 milhões.”
“Lula me preocurou porque essa pessoa lhe falou que eu deveria saber disso. Ele estava surpreso, estranhando, achei ele irritado. Eu também fiquei muito surpreso com ’previsão’. Eu disse que não sabia de nada. Fui atrás de Marcelo e disse que nunca tratamos com a empresa através de provisões”, disse Palocci.
Segundo o ex-ministro, “nesse momento, Marcelo tentou construir um entendimento comigo de que isso acontece, de que ele havia me falado que eles trabalham dessa maneira na empresa, fazendo provisões.” Palocci afirma que, sentindo-se desconfortável, pediu a Marcelo que esclarecesse a história com Emilio Odebrecht, que teria conhecimento de que a relação da Odebrecht com o PT se dava de maneira institucional. Depois, o petista afirmou que voltou a Lula e disse que resolveu o “mal entendido”.