O diretor de redação do jornal Folha de S. Paulo, Otavio Frias Filho, morreu nesta terça-feira no Hospital Sírio-Libanês em São Paulo, vítima de um câncer originado no pâncreas. Aos 61 anos, Frias havia sido diagnosticado há um ano e lutava contra a doença. Ele marcou a direção do jornal na reformulação editorial realizada no período da pós redemocratização, tentando construir um conceito de pluralidade e diversidade. Em um de seus últimos artigos, Frias frisou que “o jornalismo, apesar de suas severas limitações, é uma forma legítima de conhecimento sobre o nível mais imediato da realidade”.
O jornal Folha de S. Paulo noticia a morte de Otavio Frias Filho, destacando sua atuação como publisher: “sob a direção de Otavio, a Folha se tornou o maior e mais influente jornal do Brasil, líder em circulação e em audiência, posições que veio mantendo desde então. O veículo consolidou-se como uma referência no jornalismo apartidário, pluralista, crítico e independente.”
A reportagem também sublinha alguns momentos da vida de Otavio Frias Filho: “antes mesmo de assumir o principal cargo do jornal, o que aconteceria em maio de 1984, Otavio participou de momentos cruciais no processo que desaguaria no Projeto Editorial da Folha.”
E lembra a atuação do jornalista no momento que precedeu a campanha das Diretas Já: “essa vocação para a abertura viria a se cristalizar na campanha pelas Diretas Já, em 1983, da qual o jornal foi protagonista na imprensa brasileira. Em artigo do último dia 17 de junho para a mesma coluna da Ilustríssima, reafirmou seu otimismo em relação à democracia no Brasil.”
As origens do jornalista também foram lembradas: “nascido em São Paulo em 7 de junho de 1957, primogênito do casal Octavio e Dagmar Frias de Oliveira (1925-2008), Otavio Frias Filho bacharelou-se em direito na USP, onde também cursou pós-graduação em ciências sociais. Lançou os livros de ensaio “De Ponta Cabeça” (2000), “Queda Livre” (2003) e “Seleção Natural” (2009), entre outros.”
E sua atuação como escritor, igualmente destacada: “como dramaturgo, teve peças encenadas em São Paulo, entre elas “Típico Romântico”, “Rancor” e “Don Juan”. Uma versão teatral de “Queda Livre”, texto em que narra sua experiência como ator, esteve em cartaz no Teatro Oficina até maio, com a atriz Bete Coelho.” Otavio deixa pronto um livro infantil, “A Vida é Sonho e Outras Histórias para Pensar”, e uma coletânea de artigos publicados nos últimos anos. Trabalhava num livro sobre seu pai e também biográfico, que não chegou a completar.