Investigado pela Operação Lava Jato, o advogado e ex-assessor da presidência da República José Yunes relatou em depoimento à Polícia Federal que fez apenas uma operação de venda de imóvel para Michel Temer; ele respondeu a 30 perguntas sobre sua relação com o peemedebista, de quem é amigo há 50 anos e de quem foi assessor no Palácio do Planalto, no inquérito que investiga suposta propina a Temer no Porto de Santos advogado e ex-assessor da Presidência da República José Yunes relatou em depoimento à Polícia Federal, no dia 30 de novembro, que realizou apenas uma operação de venda de imóvel para o presidente Michel Temer. A GloboNewsobteve a íntegra do depoimento de Yunes, que é investigado por suspeita de corrupção na Lava Jato.
Ele respondeu a 30 questões sobre a sua relação com presidente, de quem é amigo há 50 anos e de quem foi assessor no Palácio do Planalto, no inquérito que investiga suposta propina a Temer no Porto de Santos. Yunes pediu demissão do cargo em dezembro de 2016, após ser delatado pela Odebrecht.
Na pergunta de número 24, Yunes é questionado pelo delegado Ricardo Ishida sobre quais negócios realizou com Temer e se já havia vendido algum imóvel ou repassado algum valor ao presidente. Yunes respondeu:
QUE nunca vendeu nenhum imóvel para ele como pessoa física; QUE há cerca de vinte anos, quando o declarante tinha uma incorporadora, MICHEL TEMER comprou um andar em um prédio comercial da incorporadora do declarante à época; QUE o andar adquirido é o da Rua Pedroso Alvarenga, 900, 10º andar, sendo tudo contabilizado e informado nas declarações de imposto de renda do declarante e de MICHEL TEMER; QUE não se recorda de nenhum outro negócio envolvendo o Presidente TEMER; QUE nunca fez repasses de valores para Presidente TEMER ou para qualquer emissário dele ou do partido PMDB”.
O único negócio com Temer citado no depoimento de Yunes à PF foi o andar no prédio aonde fica localizado o escritório político do presidente.
O advogado de Yunes, José Luís Oliveira Lima, negou ao blog que tenha havido qualquer omissão no depoimento de Yunes à PF. Segundo ele, quando Yunes prestou depoimento, respondeu a todas as perguntas que lhe foram feitas: “Esclareceu que o presidente Temer comprou há vinte anos um imóvel comercial de uma incorporadora que lhe pertenceu. Essa operação foi devidamente registrada no IR”, explicou.
Yunes é apontado pelo operador financeiro Lúcio Funaro, que fez uma delação premiada, como um dos responsáveis por administrar as propinas supostamente pagas ao presidente e por fazer o “branqueamento” dos valores. De acordo com Funaro, para lavar o dinheiro e disfarçar a origem, Yunes investia os valores ilícitos em sua incorporadora imobiliária.
Em julho passado, a revista “Veja” revelou que a família de Temer comprou do advogado dois escritórios, uma casa e o andar de um prédio em áreas nobres de São Paulo que valeriam atualmente, segundo a reportagem, R$ 18,4 milhões, e foram adquiridos entre os anos 2000 e 2010, quando Temer era deputado federal.
Indagado sobre o fato de não terem sido citados outros imóveis que foram negociados entre as famílias Yunes e Temer, o advogado afirmou que não houve perguntas a respeito.
Um desses imóveis é um andar do edifício Spazio Faria Lima, no Itaim Bibi. Em relação a ele, Oliveira Lima disse que o imóvel foi “vendido pela empresa YUNY, a qual José Yunes não tem nenhuma relação societária”. A empresa YUNY foi fundada por Yunes, mas hoje pertence aos filhos dele. O imóvel foi comprado por Temer três anos antes do seu lançamento, em 2003.
Em junho de 2010, Yunes comprou uma casa no bairro Alto de Pinheiros, zona também nobre de São Paulo, por R$ 750 mil. Um mês depois o imóvel foi vendido à atual primeira-dama Marcela Temer por R$ 830 mil, quantia doada a ela pelo marido antes da compra, segundo informou a assessoria do Planalto à revista.
Sobre a casa de Marcela Temer, primeira-dama, o advogado afirmou que “em momento algum José Yunes foi indagado pela autoridade policial sobre qualquer operação comercial efetuada com a Sra. Marcela Temer, se tivesse sido perguntado teria esclarecido pois a mesma foi absolutamente regular e inserida no IR”.