Em mais um lance do embate entre o presidente da Câmara e o chefe do Executivo, Rodrigo Maia afirmou neste sábado (23) que Jair Bolsonaro se considera pressionado pela ‘velha política’, mas precisa dizer o que é a ‘nova política’. O presidente da Câmara disse ainda que o governo não pode terceirizar a articulação política com o Congresso para aprovar a reforma da Previdência.
Maia deu a declaração ao chegar para uma reunião do PPS, em Brasília. Segundo o deputado, Bolsonaro não pode transferir para os presidentes da Câmara e do Senado a responsabilidade que, na visão de Maia, deveria ser do presidente da República.
“É importante que o governo acerte na articulação. E ele não pode terceirizar a articulação como estava fazendo. Quer dizer, transfere para o presidente da Câmara e para o presidente do Senado uma responsabilidade que é dele e fica transferindo e criticando: ‘Ah, a velha política está me pressionando, estão me pressionando’. Então ele precisa assumir essa articulação, porque ele precisa dizer o que é a nova política”, afirmou Maia.
Em São Paulo, onde almoçou na casa do governador, João Doria (PSDB), ele voltou a alfinetar a família Bolsonaro. “Não uso minhas redes sociais para agredir ninguém, e sim para apresentar propostas, ideias e discussões para a sociedade”. “Pode pesquisar os meus tuítes e os do presidente e pessoas do seu entorno, e qualquer um vai ver quem está falando a verdade”, acrescentou.
A relação entre Maia e o Palácio do Planalto se desgastou nos últimos dias. Primeiro, ele teve um atrito, na quarta-feira (20) com o ministro da Justiça, Sergio Moro, sobre a tramitação do pacote anticorrupção enviado pela pasta a Câmara.
Depois, Maia demonstrou insatisfação pelo fato de, na avaliação do deputado, o governo não estar se envolvendo como deveria nas negociações pela reforma da Previdência.
Nesta sexta (22), ele afirmou que Bolsonaro precisa dedicar “mais tempo para cuidar da reforma da Previdência e menos tempo” para as redes sociais.