Fiquei gelado quando o juiz Sergio Moro, ao ser questionado por um dos integrantes do “Roda Viva” acerca do seu sentimento em relação à prisão de Lula, caso não receba o habeas corpus no dia 4 de abril respondeu com aquele seu olhar característico, de lado e de cima para baixo, sem mexer um músculo do rosto:
“Eu sou cumpridor da ordem. O tribunal ordenou a prisão. Se a decisão vier para mim eu não tenho outra opção”.
É assustador, porque é ipsis literis a frase proferida pelos criminosos nazistas no Tribunal de Nuremberg alegando inocência:
“Eu cumpria ordens”.
Tal como eles não assumiram suas responsabilidades no extermínio de judeus, apenas cumpriram ordens superiores, Moro tenta se eximir da responsabilidade, como se alguém tivesseordenado, quando na realidade foi ele quem mandou prender Lula, o TRF-4 apenas confirmou e ampliou a sentença.
A ordem de prisão partiu dele.
O que disse a respeito da presunção de inocência confirma seu pouco apreço pela constituição.
“A constituição tem problemas” disse. “Cláusulas pétreas favorecem impunidade dos poderosos”.
Um juiz de primeira instância que dá pitacos como se fosse jurista, mas que soam como palpite de torcedor de futebol.
Tentou comover os telespectadores afirmando que se o STF recuar da prisão em segunda instância muitos presos vão ser soltos, “inclusive pedófilos e traficantes”.
Se o STF não aprovar a prisão em segunda instância ele propõe outro remédio inconstitucional:
“Uma emenda constitucional”.
Só que cláusula pétrea não pode ser emendada.
Além de expor suas tendências totalitárias, já presentes em várias de suas decisões, como a de grampear a presidente Dilma, Moro mostrou ao vivo e a cores seu despreparo jurídico, sua falta de erudição alarmante, sua predileção por clichês e chavões e explicou porque gostou de “O mecanismo”:
“Meu gosto é mais rasteiro”.
E não se limita ao mundo dos filmes.