O soldado da Polícia Militar do Maranhão Fernando Paiva Moraes Júnior, que havia fechado acordo de delação premiada com o Ministério Pública Federal (MPF), mas acabou não tendo o depoimento homologado pela Justiça Federal, citou, por mais de uma vez, a possível presença de um “caminhão do Mateus” no sítio do Arraial, localizado na zona rural de São Luís, onde uma ação das polícias estaduais desarticulou, no final de fevereiro deste ano, suposta organização criminosa de contrabando e descaminho de bebidas e cigarros. A informação é do blog do Neto Ferreira.
De acordo com a publicação, o relato do militar foi feito no dia 7 de abril, na presença procuradores da República Marcilio Nunes Medeiros, Carolina da Hora e Juraci Guimarães Júnior. O defensor público federal Gioliano Antunes Damasceno, e o delegado da Polícia Federal David Farias de Aragão — vítima de latrocínio por membros de uma facção criminosa no último sábado 5, em sua residência no bairro do Araçagi — também participaram do ato.
No depoimento, Paiva revelou que o ex-vice-prefeito do município de São Mateus, Rogério Sousa Garcia, denunciado pelo MPF na Máfia do Contrabando como como gerente do esquema, declarou durante um diálogo que seria necessário pavimentar a rua de acesso ao sítio onde funcionava o descarregamento das mercadorias “para que o caminhão do Mateus” pudesse ter acesso ao local. “Que, um dia no sítio do Arraial, ouviu o Rogério comentar com alguém (provavelmente CABEÇÃO), que necessário melhorar a pavimentação da via de acesso ao sítio para que o caminhão do Mateus pudesse acessar o local”, delatou o PM.
Ainda segundo afirma Paiva, houve um dialogo telefônico entre Rogério e provavelmente um homem conhecido como Cabeção, novamente relatando sobre a necessidade de facilitar o deslocamento do “caminhão do Mateus” até o sitio. “Que, em outra oportunidade, presenciou uma ligação em que o Rogério fala que era necessário fazer a pavimentação pois tinha uma erosão na rota dos caminhões e, na manhã do dia seguinte, um caminhão do Mateus iria até o local”, relatou.
Apesar da citação, não há no depoimento um apontamento claro se “Mateus” se trata de algum caminhoneiro, dono do veículo ou se seria um possível empresário financiador do esquema criminoso por meio da distribuição das mercadorias supostamente contrabandeadas.
Delação não homologada
O acordo de delação premiada do policial militar Fernando Paiva Moraes Júnior deixou de ser homologado pelo juiz federal após o soldado, em depoimento à Justiça Federal do Maranhão a respeito do caso, haver declarado que teria sido coagido pelo secretário estadual de Segurança Pública, delegado Jefferson Portela, a mentir no depoimento e envolver em irregularidades o deputado estadual Raimundo Cutrim (PCdoB), e os delegados de Polícia Civil Ney Anderson e Tiago Bardal, este último também denunciado pelo MPF como integrante da quadrilha.
Portela e o MPF, à época da revelação, afirmaram que a versão do soldado era inverídica.