A Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) deflagraram nesta sexta-feira (22) a Operação Caixa 3 que investiga ‘indícios de gestão fraudulenta em operações de crédito firmadas entre o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e o Grupo Petrópolis’. A investigação também apura desvios dos recursos obtidos para pagamento de despesas de campanhas eleitorais via empreiteira Odebrecht.
A Operação Caixa 3 tem origem em revelações de delatores da Odebrecht no âmbito da Operação Lava Jato. Mobilizando 72 policiais federais e 10 auditores da Controladoria, a operação cumpre 14 mandados de busca e apreensão nos estados do Ceará, Rio, Bahia, Pernambuco e São Paulo. Dos R$ 827 milhões obtidos nos contratos com o BNB, cerca de R$ 600 milhões foram desviados.
O esquema caixa 3, segundo a PF, ficou caracterizado pela triangulação Banco do Nordeste, cervejaria e empreiteira culminando em doação oculta para as eleições de 2014. O objetivo da Operação Caixa 3, segundo a CGU, ‘é a obtenção de provas sobre a ocorrência de má-fé e dolo, por parte de funcionários do BNB, na concessão e acompanhamento dos financiamentos investigados’.
A investigação mostra que as fraudes teriam ocorrido por meio de operações de crédito para a construção de duas fábricas de bebida na Bahia e em Pernambuco. Um executivo da Odebrecht revelou aos investigadores da Lava Jato que houve um ‘conluio’ da empreiteira com a cervejaria.
“Dentre as constatações, está a substituição da garantia fiança bancária (avaliada com rating AA) por hipoteca de parque industrial (avaliada com rating B) autorizada pela direção e posteriormente aprovada pelo Conselho de Administração do banco após parecer técnico favorável – em desacordo com os normativos internos e de complicance da estatal”, destaca a CGU, em nota.