Além do casal, outras três pessoas foram detidas pelas autoridades do país, mas não tiveram suas identidades divulgadas. As ações ocorreram nas regiões da Catalunha e em Andorra.A Polícia Nacional da Espanha prendeu o ex-presidente do Barcelona Sandro Rosell e sua mulher em uma operação, chamada, “Rimet”, contra lavagem de dinheiro na manhã desta terça-feira (23).
Agentes investigam uma organização que supostamente cobrava comissões ilegais de direitos de imagem da seleção brasileira de futebol. Segundo os investigadores, até US$ 16,8 milhões (cerca de R$ 54,8 milhões) teriam sido lavados.
A polícia espanhola utilizou informações obtidas pelo FBI na prisão de dirigentes de diversas federações nacionais de futebol em maio de 2015, em Zurique. Na ocasião, a polícia norte-americana atuou em conjunto com a suíça para prender, entre outros nomes, o ex-presidente da CBF José Maria Marin, que ainda cumpre prisão domiciliar em Nova York. No desdobramento daquele escândalo, o então mandatário da Fifa, Joseph Blatter, renunciou.
Segundo a imprensa espanhola, outro ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, também é alvo da operação desencadeada nesta terça-feira –cujo nome é referência ao ex-presidente da Fifa Jules Rimet, que deu nome à taça da Copa do Mundo entre 1930 e 1970.
RELAÇÃO COM O BRASIL
Sandro Rosell desenvolveu ao longo dos anos uma intensa ligação com o Brasil e, especialmente, com Ricardo Teixeira, que deixou o comando da CBF em 2012.
O espanhol atuou como executivo da Nike no Brasil, e na década de 1990 operou inúmeras negociações com o cartola, como a assinatura do contrato para fornecimento de material para a seleção nacional.
No início da década, Rosell foi acusado por autoridades brasileiras de usar uma de suas companhias para superfaturar o amistoso entre Brasil e Portugal disputado em 2008, em Brasília.
Em série de reportagens que rendeu o Grande Prêmio Esso de Jornalismo, a Folha revelou o elo entre Teixeira e a Ailanto, de Rosell, que recebeu R$ 9 milhões do governo do Distrito Federal pelo jogo amistoso.
A série também descobriu como R$ 705 mil da empresa foram parar nas contas do dirigente. Essa foi a primeira vez que ficou comprovado que Teixeira recebeu dinheiro ligado a jogos da seleção.
A Folha ainda comprovou que uma sócia da Ailanto tinha uma fazenda no mesmo endereço que Teixeira e, no dia seguinte, publicou que havia cheques nominais ao cartola.
Na sequência, outra reportagem contou que Teixeira montara uma empresa de investimentos na Flórida e que a Ailanto era alvo de ação pela suspeita de desvio de R$ 1 milhão. Esta empresa foi montada para receber o dinheiro do jogo e Teixeira participou das negociações.
Outra questão tem a ver com a contratação de Neymar pelo Barcelona. A transação ocorreu na época em que Rosell dirigia o clube catalão, e o cartola é acusado de fraude e corrupção.
A alegação dos promotores é a de que o valor real da transferência foi encoberto pelo dirigente e por Neymar e seu pai. Todos foram denunciados por fraude ainda respondem pelo processo.
O caso Neymar fez com que Rosell renunciasse à presidência do Barcelona em 2014, quatro anos depois de ascender ao comando do clube.